Na manhã desta quinta-feira, um meio de comunicação israelita anunciou que os Estados Unidos estão a apoiar a operação militar de Israel em Rafah em troca de uma não retaliação ao ataque do Irão. O coronel José Henriques diz que não pode dizer se isto “favorece a imagem de Israel” e refere também que se Israel atacar o Irão será um ataque pontual “perfeitamente dirigido a instalações do armamento nuclear iraniano e só”.
O especialista em estratégia e história militar diz que o país consegue recuperar o apoio internacional “desde que seja feito com contenção" e que tenha em conta o “problema humanitário”. No entanto, o coronel considera que é “extremamente difícil” Israel "evitar matar população civil".
“Como é que Israel o vai fazer sem evitar matar população civil? É extremamente difícil porque o Hamas está metido no meio da população civil.”
"Eu digo isto várias vezes, o Hamas está metido no meio deles, faz uns tiros, os israelitas reagem, matam gente, claro está, e o Hamas explora na sua comunicação, que está na mão dele (…) ali na região, essas baixas dizendo que aquilo é um crime contra a humanidade".
Acrescenta ainda que o Hamas esquece-se de referir nas comunicações que “os seus terroristas fazem tiro e fazem ações” no meio da população palestiniana e usam as pessoas como “escudos humanos”.
José Henriques afirma ainda que viu na quarta-feira uma peça onde dizia que existia uma “ordem de Teerão para os seus elementos da Guarda Revolucionária, abandonarem a Síria, ou seja, apontando, provavelmente, para um ataque à Síria”.
“Não sei até que ponto é que Israel irá fazer uma coisa dessas.”, refere.
O coronel questiona se Israel está à espera de ver o “resultado de toda a estratégia diplomática montada para as sanções ao Irão, para o isolamento do Irão” para que o país “perca a face”.
O especialista em estratégia e história militar explica também que as “tropas terrestres do Irão não conseguem chegar a Israel e vice-versa”, no entanto, a força aérea israelita é “fortíssima”, como se comprovou nas “ações iranianas sobre Israel que foram um fracasso”.
Acrescenta que numa eventual guerra aberta entre os dois países, Israel teria muito mais poder militar.
“Teria mais poder por uma coisa, porque a defesa antiaérea iraniana está baseada no S-300 russo (…). Até que ponto é que essa defesa antiaérea iraniana é capaz de parar os F 35 e os aviões israelitas?”
O coronel José Henriques diz que, do seu ponto de vista, se Israel atacar o Irão será um ataque pontual “perfeitamente dirigido a instalações do armamento nuclear iraniano e só”.
“Não vão procurar mais nada, até porque é uma ação que é aplaudida por todo o mundo, porque as armas nucleares em poder daquela seita é um perigo para todos nós, porque (…) são uns fanáticos capazes inclusivamente de entregarem uma coisa daquelas aos seus proxys terroristas espalhados pelo mundo que podem lançar uma campanha de chantagem estratégica sobre todos nós.”
O ataque ao armamento nuclear iraniano só não interessa à Rússia
O especialista diz que este ataque a instalações do armamento nuclear pode acontecer porque “é um ataque que convém aos Estados Unidos” e refere que “a quem ele não convém, é à Rússia”.
"Porque à Rússia há uma coisa que não convém de forma nenhuma, é pacificação do Médio Oriente, porque os Estados Unidos só podem atuar num teatro de guerra (…) e Israel tem uma grande influência em Wall Street" que “tem uma grande influência na América, portanto, os americanos não podem retirar de forma nenhuma o apoio Israel”
Acrescenta que esta situação é benéfica para a Rússia porque, enquanto os EUA estiverem concentrados no conflito entre o Israel e o Irão, esquecem a guerra na Ucrânia e “como só podem atuar num teatro é muito difícil que vão apoiar a Ucrânia”.
Este cenário de esquecimento comprova-se com os pedidos de apoio “lancinantes” de Zelensky, refere.
Cuidado porque “não estamos livres de ter que enfrentar os russos”
Para concluir, o coronel José Henriques diz que, mesmo com toda esta situação, a Ucrânia está a conseguir mais apoio dos Aliados, de tal maneira, que o secretário-geral da NATO disse que “tem que se apoiar a Ucrânia com material mesmo prejudicando as reservas estratégicas da NATO”.
“Ora, cuidado com isto porque nós não estamos livres de ter que enfrentar os russos, nós não sabemos o futuro.”
"Eu gostava de alertar as pessoas para um período extremamente crítico de uma Europa que se pode ver isolada de repente e que não tem um poder militar capaz", finaliza o especialista em estratégia e história militar.