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Centenas de feridos em mais uma noite de protestos na Nova Caledónia

Segundo o ministro francês do Interior e dos Territórios Ultramarinos, para além dos feridos, dezenas de "casas e empresas" foram queimadas na Nova Caledónia, nos protestos contra a revisão constitucional discutida no parlamento francês e criticada pelos separatistas daquele território do Pacífico Sul.

Centenas de feridos em mais uma noite de protestos na Nova Caledónia
THEO ROUBY

Centenas de pessoas ficaram feridas nos protestos na Nova Caledónia, incluindo uma centena de polícias, anunciou esta quarta-feira o ministro francês do Interior e dos Territórios Ultramarinos, Gérald Darmanin, depois de mais uma noite de tumultos no arquipélago.

As circunstâncias em que uma pessoa morreu depois de baleada, durante a noite de terça-feira, continuam por esclarecer esta quarta-feira, acrescentou o governante, em declarações à rádio RTL.

Segundo disse, dezenas de "casas e empresas" foram queimadas na Nova Caledónia, nos protestos contra a revisão constitucional discutida no parlamento francês e criticada pelos separatistas daquele território francês do Pacífico Sul.

Na terça-feira, o Governo da Nova Caledónia pediu "razão e calma", após os motins que devastaram a capital na segunda-feira.

Os motins levaram o representante do Estado francês no arquipélago a decretar o recolher obrigatório durante o dia de terça-feira, assim como a proibir qualquer reunião, o porte de armas e a venda de álcool.

As autoridades também encerraram escolas secundárias e universidades. O aeroporto internacional foi igualmente fechado e a companhia aérea de bandeira da Nova Caledónia - Aircalin - suspendeu todos os voos marcados para terça-feira.

Os tumultos eclodiram à margem de uma manifestação contra uma revisão constitucional

Os tumultos eclodiram, na segunda-feira, à margem de uma manifestação pró-independência contra uma revisão constitucional que visa alargar o eleitorado para as eleições provinciais.

A atual Constituição da França limita o eleitorado aos inscritos nas listas para o referendo de autodeterminação de 1998 e aos seus descendentes, excluindo um em cada cinco potenciais eleitores, incluindo os que chegaram depois de 1998 e muitos habitantes nativos da Nova Caledónia.

O ministro francês do Interior e dos Territórios Ultramarinos, Gérald Darmanin, que propôs a revisão, disse que esta disposição "já não está em conformidade com os princípios da democracia" e "conduz ao absurdo".

Os separatistas da Nova Caledónia, um arquipélago com 270 mil habitantes, descrevem a reforma como uma tentativa de "marginalizar ainda mais o povo indígena Kanak", que representava 41,2% da população da ilha em 2019.