Uma pessoa morreu e 30 ficaram feridas quando o Boeing 777-300ER da Singapore Airlines foi sacudido violentamente por turbulência quando fazia a ligação entre Londres e Singapura, esta terça-feira. Quem viaja frequentemente de avião está habituado a episódios de turbulência, mais ou menos intensos, mas o que se viveu no voo SQ321 foi um caso excecional.
Habitualmente o piloto tem tempo de avisar os passageiros que o avião vai atravessar uma zona com turbulência, aconselhando-os a colocar o cinto, mas neste caso os passageiros contam que sentiram o avião “cair” abruptamente, sem qualquer aviso.
O avião continuou a descer e subir abruptamente durante vários minutos, antes de aterrar de emergência em Banguecoque, na Tailândia. Os passageiros que não tinham o cinto de segurança apertado acabaram por ser projetados e muitos bateram com a cabeça no teto. Outros foram atingidos por objetos que caíram dos compartimentos e carrinhos do serviço de bordo.
Um britânico de 73 anos morreu vítima de ataque cardíaco e outras 83 pessoas ficaram feridas (seis com gravidade) no voo SQ321 que transportava 211 passageiros e 18 tripulantes.
O que é a turbulência?
Em casos ligeiros, a sensação de turbulência pode ser comparada a conduzir numa estrada cheia de buracos. Em casos mais graves, o avião é afetado poe alterações abruptas de altitude e o piloto pode perder temporariamente o controlo.
Há dois tipos de turbulência. O caso mais comum está geralmente associado a padrões meteorológicos instáveis que desencadeiam as tempestades, explica a Airbus, citada pela Reuters. As partículas de água resultantes podem ser detetadas pelo radar meteorológico, por isso os pilotos conseguem advertir previamente os passageiros.
A turbulência também pode ser provocada por movimentos do ar em torno de montanhas, frentes de ar frio ou quente e correntes de jato - ventos fortes que circulam em torno da Terra em determinadas latitudes.
Em situações mais raras, pode ocorrer a chamada “turbulência de ar limpo", provocada por bolsas de ar invisíveis, particularmente perigosas por surgirem mesmo quando não há nuvens e serem impossíveis de detetar.
No caso do voo da Singapore Airlines sabe-se que foi afetado por “turbulência severa” - o terceiro grau mais grave numa escala de quatro – mas ainda não foi confirmado que tipo de turbulência atingiu o avião. Baseando-se no testemunho dos passageiros, vários especialistas admitem que pode ter-se tratado de “turbulência de ar limpo".
Quão perigosos são os fenómenos de turbulência?
Os incidentes com turbulência são muito comuns, correspondendo a mais de um terço de todos os problemas registados em aviões entre 2009 e 1918, segundo dados do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes norte-americano.
Há registo de dezenas de feridos, no entanto as mortes são muito raras. Segundo a Reuters, o último caso de turbulência que resultou na morte de um passageiro ocorreu em 1997 com um Boeing 747 da United Airlines.
Como podem os pilotos responder?
As tripulações dos aviões estudam a previsão meteorológica antes do voo e preparam-se para eventual turbulência, podendo inclusivamente abastecer o avião com combustível extra ou evitar zonas de maior risco.
No caso da “turbulência de ar limpo", como ocorre sem que nada o possa prever, os pilotos podem apenas abrandar a velocidade para tentar diminuir as consequências e avisar outros aviões na zona.
Os lugares mais perto das asas são habitualmente menos propensos a sentir os efeitos de turbulência, mas a melhor forma de prevenção para os passageiros é manter o cinto apertado durante todo o voo.