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Análise

"Era fundamental para a Ucrânia ter legitimidade para usar armas ocidentais em território russo"

Para Germano Almeida "está a haver prudência demais, cuidados demais e tempo demais" acerca do uso ou não uso por parte da Ucrânia de armas ocidentais "e, enquanto isso, a Ucrânia vai perdendo capacidade de resistir ao invasor". O comentador da SIC aborda também o tema da condenação de Donald Trump.

Joe Biden
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Cerca de 32 Chefes da Diplomacia na NATO estiveram reunidos em Praga com o objetivo de preparar a 37ª Cimeira da NATO, no entanto, no topo da agenda esteve a questão do uso de armas de longo alcance enviadas pelo Ocidente à Ucrânia para atingir alvos em território russo. Germano Almeida diz que este momento "tardou a chegar".

"Parece muito claro que a partir do momento em que a Rússia faz uma ofensiva em Kharkiv (...) era fundamental para a Ucrânia ter essa legitimidade de usar armas ocidentais em território russo, porque, na verdade, a Ucrânia não está a atacar a Rússia com isso, está sim a defender-se e está a tentar neutralizar futuros ataques."

O comentador da SIC explica que "foi fundamental que o Presidente dos Estados Unidos tenha feito saber através de fontes suas que considera que isso é legítimo" uma vez que existia uma divergência dentro da Administração norte-americana. Para além disto, sendo "os Estados Unidos o principal aliado da Ucrânia, teria que se definir".

Germano Almeida sustenta também que esta questão do uso de armas se resume à utilização em Kharkiv porque este tem sido um território constantemente atacado pelos russos por isso "há uma ideia de que, perante o ataque russo, [o uso de armas ocidentais em Kharkiv] não é uma escalada da guerra".

"Continua a haver um grande cuidado, sobretudo americano mas também europeu, de não dar pretextos a Vladimir Putin de dizer que isto é uma confrontação direta da NATO com a Rússia e não é uma escalada."

Germano Almeida defende que ao autorizar os ucranianos a usar as armas do Ocidente em território russo "não estamos a pôr a Ucrânia como agressor".

Acrescenta ainda que sobre este tema parece que "está a haver prudência demais, cuidados demais e tempo demais e, enquanto isso, a Ucrânia vai perdendo capacidade de resistir ao invasor".

“Toda a eleição americana será dominada” pela condenação de Trump

O comentador da SIC faz também a análise da condenação de Donald Trump e sublinha que este ainda pode concorrer à presidência uma vez que "na lei americana não está nada definido sobre alguém não poder concorrer" por condenações como as deste candidato.

"A emenda 14 da Constituição diz que se alguém for condenado por promover uma conspiração contra o seu próprio país, não poderia concorrer à Presidência. Sabemos que Trump, possivelmente até a promoveu, a 6 de janeiro, mas a verdade é que ontem, certamente, não foi condenado por isso."

Germano Almeida refere ainda que "toda a eleição americana será dominada" por esta condenação e explica que existem dois pontos na estratégia de defesa de Trump.

O primeiro é "arrasar a acusação, dizer que isto é uma perseguição política e acusar a justiça americana de estar dominada pelos democratas e de o perseguir", o que "é extremamente grave para o próprio sistema democrático um ex-Presidente dizer isso e milhões de americanos acreditarem (...) A outra tática é a tática do adiamento."

O comentador da SIC diz que apesar desta estratégia, esta decisão do tribunal vai abalar a corrida do candidato à presidência

"Há eleitores independentes e mesmo alguns eleitores republicanos que, perante um Trump condenado, vão pensar duas vezes. Se até agora Trump tinha ligeira vantagem na corrida com Biden, eu acho que isto pelo menos relança a corrida.

Ao concluir, o comentador menciona "a forma prudente e realista" como Biden reagiu à condenação quando disse que Trump podia ganhar na mesma.

"Biden não festejou, não deitou foguetes, disse 'Temos que votar Trump nas urnas e não nos tribunais'."