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Imigração: o tema quente das eleições no Reino Unido

Contra a crença dos seus apoiantes, o Brexit não travou os níveis da imigração no Reino Unido que, em 2022, atingiram recordes. A nível de nacionalidades, os cidadãos indianos são os que chegam em maior número, representando cerca de um quinto da imigração total. Mas quais os impactos? E o que prometem os partidos? O tema promete ser decisivo para as eleições de 4 de julho.

Imigração: o tema quente das eleições no Reino Unido
Scott Barbour

A imigração é, há muito, um tema quente no Reino Unido e, com eleições à porta, o primeiro-ministro Rishi Sunak acredita que a promessa de reduzir o fluxo migratório lhe pode valer uma vitória nas urnas, ainda que o Partido Trabalhista leve uma larga vantagem sobre os conservadores.

Nas sondagens mais recentes, o Partido Conservador - de Rishi Sunak - reúne 22% das intenções de voto contra 44% do Partido Trabalhista. Uma distância de mais de 20 pontos percentuais a menos de um mês das eleições.

Em abril, o Reino Unido aprovou a deportação de requerentes de asilo para o Ruanda, depois do plano ter sido assinado pelo Rei Carlos III, permitindo a organização de voos de repatriamento. E Rishi Sunak promete não ficar por aqui se ganhar eleições. Mas, antes disso, vamos a números.

O saldo migratório do Reino Unido

Em 2016, altura do referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, os apoiantes do Brexit defendiam que pôr um ponto final à livre circulação de pessoas seria fulcral para “recuperar o controlo das fronteiras”.

Mas o Brexit não travou os números da imigração. Em 2015, o saldo migratório (isto é, a diferença entre o número de entradas e saídas) no Reino Unido era de 329 mil pessoas. Em 2023, 1,2 milhões de pessoas imigraram para o Reino Unido e 532 mil emigraram, aumentando o saldo migratório para 685 mil. Em 2022, atingiu um recorde de 745.000.

A nível de nacionalidades, os cidadãos indianos são os que chegam em maior número ao Reino Unido, representando cerca de um quinto da imigração total, seguindo-se os cidadãos nigerianos e chineses.

Segundo o Governo britânico, o aumento na imigração resulta, em parte, da entrada de estudantes e pessoas que trabalham no setor da saúde, juntamente com os seus dependentes.

Em janeiro, o primeiro-ministro anunciou um endurecimento dos requisitos de entrada, aumentando o salário mínimo exigido e proibindo profissionais do setor da saúde e estudantes internacionais de levarem a família para o Reino Unido.

De acordo com o Executivo britânico, esta medida terá reduzido em cerca de 79% os pedidos de visto para estudar nos primeiros quatro meses de 2024 e em cerca de 58% os pedidos de dependentes de profissionais do setor da saúde.

As promessas dos partidos

O primeiro-ministro já prometeu que, se ganhar eleições, irá colocar um teto anual ao número de vistos concedidos.

Nigel Farage, líder do Partido Reformista e recém-candidato às eleições britânicas, vai mais longe e - com intenção de ‘roubar’ votos aos conservadores de Sunak - diz mesmo que o saldo migratório deve cair para zero.

Já o Partido Trabalhista, atualmente na oposição e em primeiro nas sondagens, assume reduzir a dependência de trabalhadores estrangeiros, apostando na qualificação dos britânicos.

Os peritos dizem ser difícil avaliar os benefícios e custos da imigração. Embora o aumento do número de imigrantes coloque pressão sobre os serviços públicos e o preço das casas, um relatório de 2022 da Universidade de Oxford concluiu que o impacto fiscal é reduzido.

Os eleitores britânicos vão às urnas a 4 de julho para escolher o próximo Parlamento e esta será, certamente, uma questão central na campanha até lá.

Com Reuters