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Putin chega à Coreia do Norte na sua primeira visita ao país em 25 anos

O secretário-geral da NATO considerou que a visita do Presidente russo à Coreia do Norte demonstra a dependência de Moscovo de regimes autoritários. "Os seus amigos mais próximos e maiores apoiantes do esforço de guerra russo são a Coreia do Norte, o Irão e a China."

Putin chega à Coreia do Norte na sua primeira visita ao país em 25 anos
Vladimir Astapkovich

O Presidente russo, Vladimir Putin, chega esta terça-feira à Coreia do Norte na sua primeira visita ao país em quase 25 anos, estando previsto que o programa oficial decorra na quarta-feira, designadamente com a assinatura de "documentos importantes". Num editorial publicado esta terça-feira pelo diário norte-coreano Rodong, Putin disse que Moscovo e Pyongyang vão desenvolver uma rede "de comércio e pagamentos não controlada pelo Ocidente".

Vladimir Putin, que vai estar esta terça e quarta-feira na Coreia do Norte, defendeu as relações históricas entre os dois países e agradeceu a Pyongyang "por ter apoiado firmemente a operação militar especial da Rússia" na Ucrânia, indicou.

O líder russo notou ainda que o regime de Kim Jong-un é um aliado na tentativa russa de estabelecer uma ordem multipolar que os Estados Unidos "veem como uma ameaça à sua hegemonia global".

Putin garantiu que os "países que não aceitam esta posição e aplicam políticas independentes enfrentam pressões externas cada vez mais duras".

Moscovo e Pyongyang, através da criação desta rede de pagamentos independente que procura contornar os mecanismos de sanções, procuram "tornar as relações internacionais mais democráticas e flexíveis", acrescentou.

Serão assinados "documentos importantes e muito significativos"

Durante a visita do líder russo, serão assinados "documentos importantes e muito significativos", de acordo com o conselheiro diplomático do Presidente russo, Yuri Ushakov, que menciona "a possível conclusão de um acordo de parceria estratégica global".

"As partes ainda estão a trabalhar no acordo e a decisão final sobre a sua assinatura será tomada nas próximas horas", acrescentou Ushakov, que informou ainda que Putin e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, farão "declarações à imprensa".
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Nesta deslocação, Putin será acompanhado pelo seu chefe da diplomacia, Serguei Lavrov, e pelo seu ministro da Defesa, Andrei Belooussov, numa delegação que incluirá também dois vice-primeiros-ministros e o diretor da agência espacial russa Roscosmos.

A visita realiza-se a convite do líder norte-coreano, Kim Jong-un, que há nove meses se encontrou com Putin no Extremo Oriente russo com registo de elogios mútuos, mas não de acordos oficiais.

Depois de Pyongyang, Putin é esperado no Vietname.

NATO diz que visita demonstra a dependência de Moscovo de regimes autoritários

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, considerou que a visita do dirigente russo à Coreia do Norte demonstra a dependência de Moscovo de regimes autoritários.

"Os seus amigos mais próximos e maiores apoiantes do esforço de guerra russo são a Coreia do Norte, o Irão e a China", disse o chefe da NATO, na segunda-feira, durante uma visita a Washington.

Segundo o Ocidente, Pyongyang utilizou as suas vastas reservas de munições para abastecer a Rússia em grande escala e, na semana passada, o Pentágono acusou Moscovo de utilizar mísseis balísticos norte-coreanos na Ucrânia.

Em troca, segundo Washington e Seul, a Rússia forneceu à Coreia do Norte conhecimentos especializados para o seu programa de satélites e enviou ajuda para fazer face à escassez de alimentos no país.

Os dois países, que estão sujeitos a pesadas sanções internacionais, reforçaram consideravelmente os laços desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022.



Com Lusa