O candidato português às legislativas britânicas, Pedro da Conceição, manifestou-se, esta sexta-feira, orgulhoso por ter conseguido 213 votos, apesar de ter sido o último dos 12 concorrentes na circunscrição de Ealing Southall, nos arredores de Londres.
Deirdre Costigan, pelo partido Trabalhista, foi eleita deputada com 23 mil votos (49%), numa área que tradicionalmente vota no 'Labour'. O resultado reflete a tendência no país, que aponta para uma vitória com maioria absoluta dos trabalhistas, que estiveram 14 anos na oposição, derrubando o Partido Conservador atualmente no Governo.
Pedro da Conceição, de 18 anos, afirmou à Lusa estar "orgulhoso" com os 213 votos.
"Como independente e como o candidato mais jovem do Reino Unido, sem equipa, sem apoio partidário ou financeiro, esta é uma vitória para mim e para a democracia", vincou.
"Procurei no Google o que é que precisaria para ser candidato"
Numa entrevista ainda durante a campanha, o jovem estudante, nascido em Lisboa em 2006, tinha confessado ter decidido concorrer após pesquisar no motor de busca Google os requisitos para ser candidato.
"Procurei no Google o que é que precisaria para ser candidato e pensei: porque não tentar?", contou à Lusa em Ealing, a oeste de Londres. Recentemente naturalizado britânico, decidiu concorrer como independente no subúrbio de Londres onde cresceu.
Além de ser maior de idade e ter cidadania britânica, são necessárias 10 assinaturas e pagar um depósito de 500 libras (590 euros), que só é devolvido se o candidato obtiver 5% dos votos do círculo eleitoral.
Conceição disse que a mãe "fartou-se de rir", mas apoiou, desde que a campanha não interferisse com os exames de final do ensino secundário, importantes para entrar na universidade.
Jovem esteve vinculado ao Partido Trabalhista
Com avós originários de Moçambique e da Guiné-Bissau, Pedro da Conceição mudou-se para o Reino Unido com poucos meses de vida. Interessado pela política desde novo, apesar de os pais não serem ativistas, aos 16 anos, Pedro da Conceição aderiu ao Partido Trabalhista, mas depois afastou-se.
"Sinto que não existe nenhuma opção de centro-esquerda, um meio-termo justo que englobe valores de compaixão, bem como fortes princípios económicos, e foi por isso que decidi candidatar-me", explicou.
Para o luso-britânico, "um candidato independente pode dar a melhor representação possível da comunidade, pois não está vinculado a nenhuma política partidária".
"Penso que precisamos de manter a humanidade e os valores humanos no centro [da política] e sinto que um dos problemas é que as pessoas perderem o contacto com a humanidade. Sinto que essa parte de ajudar socialmente precisa de estar presente", afirmou à Lusa.
O Partido Trabalhista assegurou uma vitória com maioria absoluta nas legislativas britânicas, de acordo com os resultados divulgados pela cadeia britânica BBC.
Com Lusa