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Os 90 minutos e o tiro que mataram a campanha do recandidato Joe Biden

A pressão surtiu efeito. À má prestação no debate de 27 de junho com o adversário re+ublicano, o Presidente Joe Biden juntou outros sinais de fragilidade que tornaram inevitável a desistência este domingo.

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Podem 90 minutos deitar por terra mais de cinco décadas de vida politica recheada de sucessos? Se a esse momento terrível, como o próprio Joe Biden lhe chamou, juntarmos o tiro que elevou o adversário ao estatuto de herói, mais as útimas gaffes e a permanente pressão para que desistisse, os 90 minutos hão-de ficar na história como o tiro que matou a campanha do recandidato.

Recuemos até 25 de abril de 2019... o vice-presidente de Obama anuncia que vai tentar em 2020 o que Hilary Clinton não conseguira em 2016: derrotar Donald Trump.

Biden ganhou, sem margem para dúvida, mas teve de enfrentar a invasão do Capitólio, marionetas de Trump que apenas pararam quando o marionetista mandou parar.

O arranque de Biden na Casa Branca foi uma prova de obstáculos. A Democracia resistia, mas a pandemia ceifava vidas e despertava incertezas.

O trumpismo aproveitava as brechas para se infiltrar nas eleições intercalares de 2022, Trump acreditou que os seus candidatos derrotariam os de Biden. Mas, o milionário republicano enganou-se.

Pelo caminho, Biden retirou os militares norte-americanos do Afeganistão, ouvindo críticas de todos os quadrantes, e enfrentou cara a cara Putin, meses antes da invasão russa da Ucrania.

Quando as tropas de Moscovo passaram a fronteira, Biden fez voz grossa ao Kremlin.

O Supremo Tribunal norte-americano, com juízes escolhidos a dedo pelo anterior Presidente, impõe fortes limitações ao aborto e o Presidente democrata protesta, conquistando aliados fortes na ala mais à esquerda dos democratas.

No pais das armas livres, sucedem-se os massacres. Joe Biden solidariza-se com as vítimas, mas, nesta matéria, o Presidente dos EUA parece refém de uma força que não controla.

Há desafios que o Presidente candidato foi deixando pelo caminho. Em outubro de 2023 recomeça a guerra no Médio Oriente.

Antes dos 90 minutos que reformataram a história de Joe Biden, o apoio norte-americano a Israel, legitimando, indiretamente, a invasão de Gaza, seria o principal obstáculo à vitoria eleitoral de 5 de novembro.

Mas a 27 de junho, Gaza, Israel, a imigração ilegal, tudo isso passou para segundo plano. No final dos 90 minutos, começou a pressão interna para que Biden abandonasse a corrida à Casa Branca. Biden resistiu enquanto pôde, mas hoje, 21 de julho, decidiu mesmo sair de cena…