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Venezuela vai a votos no domingo e há quem peça uma mudança

No poder desde 2013, o “herdeiro” de Hugo Chávez, Nicolás Maduro concorre a um terceiro mandato. Os venezuelanos que têm dificuldade em fazer as compras mais básicas no supermercado, esperam que algo mude.

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As eleições na Venezuela, este domingo, podem marcar uma viragem na governação. As sondagens apontam para uma derrota expressiva de Nicolás Maduro, mas o presidente e recandidato ameaça com um banho de sangue e uma guerra civil se não for reeleito. Numa campanha marcada pelo medo, há um país em colapso económico, com milhões de pessoas que lutam para sobreviver.

A família de Jose Leon, professor em Caracas, vive, nesta altura, com pouco mais do que um pedaço de queijo e algumas peças de fruta no frigorifico.

“Já nem sequer podemos ir a um supermercado. Simplesmente gastamos o ordenado todo num bocado de queijo, ovos e manteiga. É essa a realidade hoje em dia”, desabafa.

Uma realidade que se repete em tantas outras casas por toda a Venezuela. Dos cerca de 30 milhões de venezuelanos, mais de metade vive abaixo do limiar da pobreza.

O colapso da economia deixou o país com uma inflação histórica de 130.000% em 2018. Ainda no ano passado foi de 190%. Nos últimos meses, tem abrandado continuamente, mas está ainda muito acima das possibilidades de quem vive com salários muito baixos e luta todos os dias para sobreviver.

“Usamos uma moeda que não é nossa, não usamos o bolívar. Usamos dólares. Embora a cotação do dólar não suba, os preços sobem constantemente e todos os dias. Num dia podemos ter dinheiro para a comida e, no dia seguinte, podemos não ter”, relata Yolicet Pimentel, líder de comunidade social.

Jose Leon afirma que, enquanto professor e enquanto venezuelano comum, espera “uma mudança para melhor” no país.

As eleições mais importantes de sempre?

A mudança pode chegar com estas eleições, que já são vistas como as mais importantes de sempre. Edmundo González Urrutia é o rosto da mudança.

"É hora da Venezuela encontrar a reconciliação entre o seu povo. Chega de gritaria e insultos. É hora de nos reunirmos. Com a ajuda de Deus, nos encontraremos no próximo domingo e celebraremos o triunfo da Venezuela”, diz o candidato presidencial da oposição às massas.

O candidato de centro-direita substituiu a principal figura da oposição venezuelana Maria Corina Machado, proibida de exercer cargos públicos pelo regime de Nicolás Maduro.

As sondagens apontam para uma vitória expressiva da Plataforma Unitaria Democrática. Atrás segue o Partido Socialista Unido da Venezuela, liderado pelo “herdeiro” de Hugo Chávez. No poder desde 2013, Maduro concorre a um terceiro mandato e já ameaçou com "um banho de sangue" e uma "guerra civil", caso perca a eleição. Avisos mais ou menos diretos que tem repetido.

“Sou o único candidato que tem o apoio irredutível dos militares venezuelanos, das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas. Sou o seu comandante supremo, apoiado e amado. E tenho o apoio das forças policiais da Venezuela”, declarou.

Maduro insiste no discurso do medo e da ameaça, perante uma oposição que se afirma pronta para a mudança. Quase 20 milhões de eleitores são chamados às urnas no próximo domingo.