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Quase 750 detidos nos protestos contra reeleição de Maduro na Venezuela

Pelo menos três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nos protestos em várias cidades da Venezuela, segundo as autoridades e a organização de defesa dos direitos humanos Foro Penal.

Quase 750 detidos nos protestos contra reeleição de Maduro na Venezuela
Fernando Vergara

Cerca de 750 pessoas foram detidas na Venezuela nos protestos contra a reeleição do Presidente Nicolás Maduro, anunciou esta terça-feira o procurador-geral, que afirmou que "o número pode aumentar".

"Um número preliminar de 749 delinquentes detidos", disse Tarek William Saab em declarações à imprensa, acrescentando que a maioria foi acusada de "resistência à autoridade" e "em casos mais graves, de terrorismo".

Algumas dessas pessoas, prosseguiu, estão ligadas a casos como o ataque a autarquias governadas pelo chavismo, a um escritório do Conselho Nacional Eleitoral ou violação do património - os manifestantes derrubaram várias estátuas do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013).

Pelo menos três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nos protestos em várias cidades da Venezuela, segundo as autoridades e a organização de defesa dos direitos humanos Foro Penal.

Nas suas declarações à imprensa, em que fez um balanço da atuação das forças de segurança, Saab deu conta da morte de um membro das Forças Armadas, devido a disparos que atribuiu aos manifestantes, no estado de Aragua (norte).

Além disso, pelo menos 48 polícias e militares ficaram feridos.

Saab não se pronunciou sobre os ferimentos sofridos pelos manifestantes, que foram repelidos com gases lacrimogéneos e munições de chumbo, como observou a agência noticiosa espanhola EFE no local.

Na segunda-feira, Maduro denunciou que está em curso uma tentativa de golpe de Estado "de caráter fascista", face às contestações à sua reeleição, rejeitada pela oposição e por grande parte da comunidade internacional.

No mesmo sentido, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, denunciou o que classificou como um golpe de Estado "engendrado mais uma vez" por "fatores fascistas de extrema-direita, apoiados, claro, pelos fatores imperiais, o imperialismo norte-americano e os seus aliados".

"E nós vamos derrotar este golpe de Estado", disse o ministro, num discurso transmitido pela televisão, no qual falou acompanhado pelas chefias militares, assegurando "lealdade absoluta" das forças armadas a Maduro.
"Reafirmamos a nossa lealdade mais absoluta e nosso apoio incondicional ao cidadão Nicolás Maduro Moros, Presidente constitucional (...) nosso comandante-chefe legitimamente reeleito pelo poder popular", frisou Padrino López.

O militar leu uma declaração em nome da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), na qual rejeitou "todas as ações violentas promovidas pela extrema-direita venezuelana" desde segunda-feira, com milhares de venezuelanos nas ruas a protestar.

Denunciou também "atos terroristas" e "atos de sabotagem" em sedes de organismos públicos, incluindo "uma centena de assembleias de voto", sedes do Conselho Nacional Eleitoral, edifícios privados e comandos de unidades militares e policiais, bem como contra esculturas de Hugo Chávez.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) concedeu a vitória ao Presidente Maduro com pouco mais de 51% dos votos, à frente do principal candidato da oposição, Edmundo González, que terá obtido 44% dos votos.

A principal coligação da oposição, a Plataforma Democrática Unida (PUD), afirmou que o seu candidato, Edmundo González Urrutia, ganhou a presidência por uma ampla margem (73%) e criou um sítio na Internet no qual carregou resultados eleitorais para reforçar a sua afirmação.

A oposição e parte da comunidade internacional duvidam destes resultados e exigem mais transparência e uma análise das atas eleitorais.


Com LUSA