O novo embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, manteve esta segunda-feira um encontro tenso com o secretário-geral, António Guterres, após ter criticado a organização no seu discurso de tomada de posse.
"Espero que a ONU tenha a clareza moral necessária para fazer frente aos males que enfrentamos [em Israel]. Comprometo-me a representar o meu país, a mostrar a verdadeira cara de Israel e a combater as mentiras e hipocrisia com que infelizmente temos de lidar aqui neste edifício", disse Dannon, na presença de Guterres.
O secretário-geral, que tem sido bastante crítico da ofensiva do Estado judaico na Faixa de Gaza, após o ataque do Hamas em 7 de outubro, respondeu que para a ONU "é extremamente importante ter uma relação objetiva com Israel".
"As nossas posições são claras. Temos pontos de vista diferentes em muitos aspetos, em relação à solução de dois Estados, em relação ao que tem acontecido recentemente. Mas isso não significa que não devamos manter um diálogo construtivo assente na verdade", completou Guterres, surpreendendo Danon.
Esta é a segunda nomeação de Danon para o cargo nas Nações Unidas, que ocupou entre 2015 e 2020, antes de voltar a ser membro do Knesset (parlamento israelita), em 2022, em representação do Likud, partido em que no ano passado chegou a disputar a liderança com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
"Perante o ressurgimento do terrorismo diplomático, comprometo-me a apresentar a verdade com confiança para o bem do povo de Israel e do nosso futuro partilhado", disse há algumas semanas, ao saber-se que foi escolhido para suceder ao polémico ex-embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan.
Erdan foi protagonista de alguns dos momentos mais polémicos na ONU desde o início da contraofensiva israelita em Gaza, em outubro, que segundo o Ministério da Saúde do enclave palestiniano, controlado pelo Hamas, já provocou mais de 40 mil mortos.
Num contexto internacional de elevada polarização, resta saber se Danon irá assumir uma postura tão polémica quanto a do seu antecessor. Danon foi alvo de algumas críticas, em novembro, quando pôs em causa se os países europeus que receberam refugiados da Faixa de Gaza queriam colaborar na resolução do conflito.