O chefe do governo israelita, Benjamin Netanyahu, começou esta terça-feira o discurso à nação com um pedido de desculpas aos familiares dos seis reféns que morreram no último fim de semana.
O pedido de desculpa de Netanyahu aos familiares dos reféns mortos na Faixa de Gaza "mostra que se sente pressionado e é o mínimo perante o que se está a passar neste momento na sociedade israelita perante o horror do que foi este assassinato dos seis jovens reféns, quatro homens, duas mulheres por parte do Hamas (...) e mostra que o Hamas olha para os reféns meramente como moeda de troca e não tem qualquer interesse num acordo minimamente construtivo".
Germano Almeida explica que Israel não aceita enquanto os pressupostos do cessar-fogo mantiverem uma saída militar israelita do Corredor de Filadélfia. Netanyahu tentou mostrar porquê, dizendo que se saírem do Corredor Filadélfia, o perigo do Hamas ainda maior.
O Corredor de Filadélfia, com cerca de 14 km, liga o sul da Faixa de Gaza ao Egito e é por onde entra armamento do Irão e dos aliados para o Hamas.
"Esse corredor de Filadélfia, como ontem Netanyahu explicou, está perfeitamente identificado como ponto estratégico que Israel terá que defender (...) um ponto fundamental para o Hamas manter essa capacidade militar na Faixa de Gaza e o objetivo da ação militar [israelita] em Gaza é acabar com o Hamas do ponto de vista militar, é esse o argumento de Netanyahu".
O Plano Biden, em três fases, implica que, na terceira faze, Israel saia do Corredor de Filadélfia, "porque há por parte de Estados Unidos a garantia de que quem passaria a controlar esse corredor era uma força multinacional árabe, avalizada também do ponto de vista militar pelos Estados Unidos. E depois seguiria uma solução política que essa assim não está a existir".
Germano Almeida considera que "estamos numa situação em que, na verdade, embora com um constante jogo de poker, as duas partes não têm real interesse num cessar-fogo".
"Netanyahu está pressionado internamente (...) sabe que se caísse perderia as eleições e podia eventualmente vir a ser preso perante as acusações de corrupção graves que tem (...) interessa-lhe continuar esse estado de guerra (...) para o Hamas e o facto de haver um cessar-fogo implicava libertar todos os reféns, e aí perderia uma moeda de troca".