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O avanço de Israel para o Líbano e o encontro Biden-Zelensky em análise

Afonso Moura analista de Ciência Política, refere não esperar do encontro Biden-Zelensky "grande coisa porque a política externa de Biden não tem sido das melhores da história dos EUA".

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Numa declaração conjunta emitida após a reunião à margem da Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque, os Presidentes dos EUA e de França, Joe Biden e Emmanuel Macron, respetivamente, disseram que tinham "trabalhado juntos nos últimos dias" para chegar ao apelo de um "cessar-fogo imediato de 21 dias" no Líbano, onde o conflito entre Israel e o Hezbollah ameaça engolir a região.

Para o analista de Ciência Política Afonso Moura, "a França vai tentar jogar aqui um papel fundamental, um papel que os Estados Unidos da América sozinhos não conseguiriam" embora considere que a política do Presidente francês tem uma certa "incoerência, que é algo que por vezes acontece com o Macron, porque a França poderia avançar, por exemplo, como fez a Espanha, a Irlanda ou a Noruega já em 2024, para o reconhecimento do Estado da Palestina e ainda não o fez".

"Macron parece poder jogar aqui um papel importante, mas ao mesmo tempo guarda aquela ambiguidade que o caracteriza, tanto na política interna francesa como externa e não vai até ao fim das consequências daquilo que quer fazer".

Embora Israel esteja a preparar uma invasão terrestre do Líbano. faz sempre sentido falar-se num cessar-fogo.

"As instâncias diplomáticas ao mais alto nível, principalmente das grandes potências - e tanto os Estados Unidos como a França são grandes potências -, devem sempre tentar intervir para impedir esta intensificação dos combates".

O alastramento regional do conflito é claro. "Israel, como Estado diz que está a atacar o Hamas num primeiro momento e que está a atacar o Hezbollah num segundo momento. (...) o problema central de Israel não é com estes 2 grupos, mas é assim com a Estatalidade palestiniana e a estatalidade libanesa".

Zelensky e Biden encontram-se hoje nos EUA

Na terça-feira, durante uma intervenção perante o Conselho de Segurança da ONU que se concentrou na situação da Ucrânia, Volodymyr Zelensky afirmou que o Presidente russo Vladimir Putin "violou tantas normas internacionais que já não vai parar sozinho", pelo que para alcançar a paz só é possível "forçar" o regime de Moscovo que apontou como "o único agressor nesta guerra".

"Eu, sinceramente não, não espero grande coisa porque a política externa de Joe Biden não tem sido das melhores da história dos Estados Unidos da América. E não creio também que Zelensky tenha força para impor qualquer tipo de coisa à Rússia. Ou seja, ele já disse na ONU que teríamos que forçar a Rússia a uma paz, mas como, com a realidade do terreno, com o avanço russo", questiona Afonso Moura.