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Violência, revolta e justiça: recorde os casos de George Floyd e Nahel Merzouk, ambos mortos pela polícia

Nos últimos anos, tumultos sociais causados por questões raciais marcaram diferentes países. Nos EUA, a morte de George Floyd e os protestos que se seguiram renovaram o debate sobre violência policial. Em França, a morte de Nahel Merzouk, de 17 anos, baleado por um polícia, desencadeou protestos violentos que atravessaram fronteiras, gerando o caos e centenas de detenções.

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Em 1991, um homem selvaticamente espancado por agentes policiais no asfalto de uma autoestrada e a absolvição dos agentes envolvidos nas agressões desencadearam protestos junto das comunidades mais pobres de Los Angeles. Ao longo de seis dias, os de tumultos e o caos tomaram conta da região metropolitana de Los Angeles até à chegada dos fuzileiros e da Guarda Nacional da Califórnia. Ao todo, morreram 53 pessoas. Um novo julgamento condenaria os agentes a penas de prisão.

20 anos depois, outro caso de violência policial ateou uma nova onda de indignação. Nos Estados Unidos, perante as filmagens de pessoas na rua, um agente da polícia de Minneapolis abordava um homem negro de 46 anos, imobilizava-o e, indiferente às súplicas que reclamava não conseguir respirar. O agente Derek Chauvin acabaria por ser responsável pela morte de George Floyd.

Durante meses, os protestos espalharam-se por todos os Estados Unidos e até na Europa. Ao todo, morreram 19 pessoas. Em plena pandemia e no final de um mandato presidencial divisivo, como o de Donald Trump, o caso revestiu-se de particular simbolismo para a diferença de tratamento policial consoante a cor da pele e gerou o movimento Black Lives Matter, que forçou reformas no funcionamento da polícia. O agente responsável pela morte foi condenado a uma pena de 22 anos.

A 27 de junho de 2023, Nahel Merzouk, de 17 anos, francês de ascendência marroquina e argelina, foi morto à queima-roupa em Nanterre, subúrbio de Paris. O atirador, um agente da polícia, de quem apenas se tornou conhecido o primeiro nome: Florian. Perante as imagens que contradiziam as primeiras declarações da polícia, que sustentavam falsamente que o jovem tinha antecedentes criminais e que o agente tinha disparado em legítima defesa, irromperam protestos por toda a região de Paris e mais tarde por todo o país.

Mais de 5 mil veículos e 10 mil contentores do lixo foram incendiados, 250 esquadras de polícia alvo de ataques. Durante mais de uma semana, o país mergulhou no caos social. Os protestos atravessaram as fronteiras para a Bélgica e Suíça, e os territórios ultramarinos franceses. Para além de Nahel, mais duas pessoas morreram e 3.500 mil e 500 foram detidas. As autoridades judiciais ainda não se pronunciaram sobre a ida ou não a julgamento do agente policial.