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Qual a missão e desafios a enfrentar por António Costa como presidente do Conselho Europeu?

Desde este domingo que o Conselho Europeu é liderado por um português, mas afinal qual é a missão e os desafios de António Costa? O analista político Francisco Cordeiro Araújo respondeu a estas duas questões na Edição da Manhã, da SIC Notícias.

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O Conselho Europeu, presidido por António Costa, é uma instituição que reúne o seu próprio presidente, o presidente da Comissão Europeia e todos os chefes de Estado ou de Governo dos Estados-membros da União Europeia. Quer isto dizer que, como explicou o analista político Francisco Cordeiro Araújo, a missão do português "é complexa".

Costa terá de agir como "maestro de uma orquestra", composta por uma diversidade de elementos e grupos políticos. O analista compara o Conselho Europeu a uma orquestra, onde, apesar de existir uma maioria clara, o papel de Costa será garantir que todas as vozes sejam ouvidas, incluindo aquelas que, de forma mais expressiva, podem tentar causar "estrondo".

"Eu acho que a orquestra é capaz de ser o melhor exemplo, porque dentro de uma orquestra temos vários elementos de diferentes individualidades, mas também diferentes grupos. E esta orquestra é muito diversa, [porque] há um grupo mais forte, sobretudo da família do PPE, mas também há aqui um grupo que vai fazer mais ruído e que António Costa, certamente, vai tencionar ouvir", destacou.

A principal tarefa do antigo primeiro-ministro português será coordenar os diferentes interesses e promover a coesão entre os membros da União Europeia, algo que, por vezes, vai se tornar desafiador, especialmente quando se trata de tomar decisões por consenso, reforçou Francisco Cordeiro Araújo.

Com um mandato de dois anos e meio, António Costa enfrentará a responsabilidade de impulsionar o desenvolvimento da União Europeia, além de representá-la "lá fora".

Que partitura terá António Costa?

Esta partitura não é definida pelo maestro, no caso António Costa, mas definida exatamente por esta orquestra, sublinhou o analista político.

As questões de defesa e segurança, como a guerra na Ucrânia, serão prioritárias, mas também há desafios no combate a violações dos valores da União que podem fragilizar a coesão interna.

"Essencialmente vai-se concentrar em ameaças externas, nomeadamente as questões de defesa, pela situação sobretudo que está a acontecer na Ucrânia, que foi a prioridade de António Costa. Mas também ameaças internas, nomeadamente violações de valores da União Europeia que podem também desunir a União por dentro", referiu Francisco Cordeiro Araújo.

António Costa visita Ucrânia no primeiro dia na presidência do Conselho Europeu

A agenda estratégica da UE para o período de 2024-2029, aprovada em junho, prevê o foco em ameaças externas e internas, além de questões como competitividade económica, o alargamento da união, migrações e o papel da União Europeia no cenário mundial.