O Presidente francês recusa demitir-se depois da queda do Governo. Havia a expectativa de que Emmanuel Macron comunicasse ainda ontem um nome para assumir o Governo, mas não o fez. Na declaração que fez esta quinta-feira ao país, disse que vai nomear o novo primeiro-ministro nos próximos dias. Será esse um sinal de dificuldade em escolher o sucessor de Michel Barnier? Daniel Pinéu considera que o Presidente francês tem, de facto, uma tarefa complexa pela frente.
“Creio que a questão é como é que Macron vai tentar encontrar alguém que seja minimamente aceitável e por mais tempo do que 90 dias, pelo menos para não ter uma nova crise nas mãos?”, questiona o comentador da SIC.
Encontrar um sucessor de Barnier que seja bem recebido à direita e sobretudo à esquerda, “vai ser bastante mais difícil do que aquilo que tentou com Michel Barnier, que foi claramente ao arrepio do que tinham sido os resultados da eleição legislativa em França que vimos há pouco tempo”.
Daniel Pinéu destaca o contexto financeiro difícil que o país, com a votação do Orçamento de Estado à porta.
O comentador da SIC lembra que possivelmente vão ter de existir “medidas de emergência para evitar que o Governo fique sem Orçamento e, portanto, pare de funcionar”.
Para Daniel Pinéu, Macron está a tentar mostrar que a extrema-direita e a extrema-esquerda estão tentar tomar o Governo refém e a tornar a governabilidade impossível.
Perante todo este caos político, França recebe este sábado cerca de 50 chefes de Estado e de Governo para a abertura da reabertura da catedral de Notre-Dame.
“Há uma tentativa, se quisermos, de utilizar o melhor possível essa distração do ponto de vista mediático, como de resto, Macron tentou adiar ou enfim menorizar o que ia acontecer que ele sabia claramente que ia acontecer com a visita de Estado que fez, por exemplo, ao Médio Oriente, onde esteve na Tunísia, etc, e onde enfim nem trouxe grandes vitórias, políticas ou económicas para casa, nem teve grandes banhos de multidão, nem grande reconhecimento ou legitimidade”.
“A tentativa é de uma distração daquilo que é o problema fundamental e uma espécie de uma legitimação do Governo através destas visitas oficiais e destes eventos”, realça o comentador da SIC.