Israel continua a expandir a sua influência nos Montes Golã com o plano para duplicar a população nos Montes Golã enquanto reforça a sua atuação militar na Síria. O apoio da nova administração norte-americana promete legitimar ainda mais as estratégias do governo de Netanyahu, numa região marcada pela presença de potências internacionais e por disputas geopolíticas, explica Ricardo Alexandre.
A ameaça terrorista é "o pretexto para Benjamin Netanyahu levar por diante essa iniciativa" de avançar nos Montes Golã, "uma justificação recorrente para as políticas de Israel" e "que deixa muito a desejar à luz do direito Internacional".
“Essa zona desmilitarizada entre Israel e a Síria, essa zona dos Montes de Golã, não tem um reconhecimento internacional dessa ocupação, dessa anexação. Este passo de duplicar a população israelita nessa zona é, obviamente, contra o Direito Internacional”.
“O meu amigo Trump”: a relação EUA-Israel
Com a nova administração norte-americana a partir de janeiro, Netanyahu espera reforçar o apoio e a legitimação das suas ações. A referência do primeiro-ministro israelita a Donald Trump, descrito como “o meu amigo”, demonstra "um primeiro-ministro que sente as costas quentes", "sente que vai estar mais protegido a partir de 20 de Janeiro, sente que pode continuar a gozar de uma certa impunidade".
“Vamos ter Israel a acentuar a sua atuação política e militar nas várias frentes. Recordo que Israel diz que tem 7 frentes de guerra depois de ter sido vítima dos ataques terroristas do Hamas de de 7 de Outubro do ano passado. A Síria é uma dessas frentes e não, não se está a ver como é que Israel depois vai compensar o povo ou o Estado sírio pela destruição que tem causado no seu território. Sabemos que há parceiros desta nova ordem da Síria dispostos a ajudar a Síria a recompor-se e a reerguer-se, é o caso da Turquia, a Turquia vai ter um papel fundamental no destino da próximo da Síria".
A Síria continua a ser um território disputado, com a presença de "duas bases russas que Moscovo está a negociar com as novas autoridades da Síria, no sudeste do país, temos ainda cerca de 900 militares norte-americanos também numa base" além dos constantes ataques israelitas.
“É um território muito sensível, muito delicado, do ponto de vista geopolítico, e o futuro é ainda incerto”.