A Meta, empresa a que pertence o Facebook, Instagram e Whatsapp, vai deixar de fazer verificação de factos nas redes sociais. Em vigor desde 2016, o programa de verificação tinha sido implementado para combater notícias falsas e desinformação. A empresa de Mark Zuckerberg segue a mesma política do X e coloca os utilizadores a fazer a verificação. O CEO da empresa, Mark Zuckerberg, fala em "voltar às raízes da liberdade de expressão". Para Ricardo Alexandre, trata-se de uma questão política que vai conduzir a uma disseminação da informação sem regulação.
“Estes multimilionários das “big tecs”, das grandes empresas tecnológicas, com a chegada de Donald Trump ao poder, encontram um terreno fértil para aquilo que mais gostam, que é a falta de regulação e uma liberdade que não é uma liberdade, é uma disseminação de comunicação, não lhe chamemos informação, não lhe chamemos notícias. É a possibilidade de disseminar comunicação sem freios, sem regulação, sem qualquer controlo sobre conteúdos, no sentido de proteção daqueles que possam estar mais vulneráveis à desinformação”, defende o comentador da SIC.
Para Ricardo Alexandre, só há uma forma de defesa face a esta política que ajuda a disseminar discursos de ódio, a polariza e que conduz também a extremismos.
“Aumentando a literacia mediática, cada vez mais, a partir das escolas, a partir daquilo que se ensina às crianças. Acho que só assim é que se consegue minimamente, contrariar isto”, sublinha.
Questões estratégicas ditam interesses de Trump
Donald Trump realizou esta terça-feira uma conferência de imprensa na sua residência em Mar-a-Lago, na Florida, na qual falou sobre diversos temas, incluindo a questão do Canadá, da Gronelândia e do Canal do Panamá.
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"Em relação à Gronelândia, faz estas declarações numa altura em que uma delegação de conselheiros e assessores dele próprio e também Donald Trump estão na Gronelândia, como ainda o próprio filho, Donald Trump Júnior.
A Gronelândia, como sabemos, está numa região que é cada vez mais estratégica. De facto, uma região entre o Oceano Atlântico e o Ártico, por exemplo, no Ártico há duas ilhas, no estreito de Bering, uma na posse dos Estados Unidos, outra na posse da Rússia, que distam entre si apenas quatro quilómetros", explica o jornalista da TSF.
A questão estratégica, tanto no caso da Gronelândia como do Canal do Panamá são os principais fatores que motivam as declarações do Presidente eleito dos EUA.
"A Dinamarca é um país fundador da NATO, mas Donald Trump não está minimamente preocupado com isso. Faz tudo uma barganha, já diz que se a Dinamarca não aceitar que vai impor aos dinamarqueses altas tarifas.
Em relação ao Panamá, não exclui o uso das forças armadas. O controlo do Estreito do Panamá foi devolvido aos panamianos em 1999. Portanto, é reverter uma política com mais de um quarto de século nesta altura, em que os Estados Unidos entenderam que a autodeterminação, o valor da autodeterminação prevalecia sobre a questão da expansão territorial. Pelos vistos, agora já não é assim", explica Ricardo Alexandre.
O comentador da SIC e jornalista da TSF aborda também as declarações de Trump sobre a guerra na Ucrânia e o Médio Oriente, na linha do que tem sido dito pelo Presidente que venceu as eleições de 6 de novembro dos EUA e que tomará posse no dia 20 deste mês.