Se esta quinta-feira foi de recuo das chamas, basta ouvir a meteorologia para se instalar novamente o pânico em Los Angeles. O vento e a ausência de humidade previstos para sexta-feira são o combustível ideal para reacendimentos e novos fogos descontrolados.
Esta quinta-feira, Los Angeles acordou para uma conferência de imprensa de balanço dos incêndios mais destruidores da história da cidade.
“Hoje, esperamos que os ventos diminuam um pouco, o que permitirá às equipas de bombeiros aumentar as linhas de contenção. No entanto, quero ser muito clara: ainda estamos sob um alerta vermelha com possibilidades extremas quanto ao fogo", diz a chefe dos bombeiros de Los Angeles, Kristin Crowley.
Por controlar estão as zonas das Palisades e de Eaton, a este e a oeste de Los Angeles, como se a cidade estivesse cercada por um inimigo que pode ter feito mais vítimas do que as até agora conhecidas.
“Aspeto apocalíptico”
A avaliação da situação desceu de extremamente crítica para crítica no que ao comportamento das chamas é possível dizer nesta altura.
No entanto, o vazio deixado à passagem do fogo atingiu um nível para o qual não há classificação oficial nas vozes que oficializam uma catástrofe.
“Em cada um dos quarteirões que percorri, essas casas já não existem. Agora são basicamente escombros. Nunca tinha visto nada assim, e eu vivo aqui há quase 60 anos. Tinha um aspeto apocalíptico”, conta Nathan J. Hochman, promotor público.
Autarca em silêncio
O silêncio notado entre o crepitar violento das chamas e os gritos de desespero de quem tudo perdeu foi o da presidente da Câmara de Los Angeles que partiu este sábado para uma visita oficial ao Gana, quando já havia previsões de uma catástrofe.
À chegada ao aeroporto tornou-se mesmo num silêncio desconfortável, diante das questões dos jornalistas.
Karen Bass acabou por dar uma conferência de imprensa um par de horas depois deste momento. Essas não serão as palavras da mayor de Los Angeles que vão ficar para a história.