16 cientistas, e equipa de apoio, trabalharam durante os últimos quatro verões, em condições extremas, mas compensou. Conseguiram perfurar um dos mais antigos núcleos de gelo de sempre. Atingiram o leito rochoso a quase três quilómetros de profundidade.
“Calculamos que a idade do gelo seja superior a um milhão de anos, ou mesmo 1,2 ou mais”, diz Federico Scoto, investigador no projeto.
Antes, a mesma equipa já tinha perfurado um núcleo com cerca de 800 mil anos. Descobriu que as concentrações de gases com efeito de estufa, como o dióxido de carbono e o metano, mesmo durante os períodos mais quentes dos últimos 800.000 anos, nunca ultrapassaram os níveis registados desde o início da Revolução Industrial.
Todos os dados que recolheram até agora vão ajudar a descobrir quando é que a Antártida ficou completamente coberta de gelo.
“Há ainda outro aspeto essencial: entre o gelo e o solo há uma zona que contém sedimentos e potencialmente micro-organismos, vírus e bactérias, que podem dizer-nos muito sobre a forma como a vida evoluiu nesses períodos longínquos”, Carlo Barbante, glaciologista e coordenador do projeto.
Esta equipa de investigadores pertence a um projeto financiado pela União Europeia, mas o degelo tem obrigado as várias missões internacionais a trabalhar mais rápido e muitas vezes em conjunto para descobrir não só padrões, mas também oportunidades.
A Antártida não é governada por ninguém, mas sete países reivindicam soberania sobre partes do território: Argentina, Austrália, Chile, Nova Zelândia, França, Noruega e Reino Unido.
É o continente mais frio, seco e ventoso do planeta Terra, mas está a derreter três vezes mais depressa do que nos anos 90.