No discurso de tomada de posse como Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump reproduziu os temas abordados na sua campanha eleitoral num tom nacionalista. "Foi muito Donald Trump no registo a que nos tem habituado", refere Ricardo Alexandre.
"Foi o esperado. Não foi só centrado nos Estados Unidos, foi autocentrado. Uma conceção messiânica de si próprio, alegadamente unificador, alegadamente pacificador, mas sobretudo um discurso muito nacionalista, de enaltecimento da grandeza dos Estados Unidos, do regresso à teoria do excecionalismo americano, do destino americano de projetar os valores da América, de uma América branca no mundo".
O discurso reproduziu temas já abordados por Trump desde a sua eleição, como o controlo do Golfo do México, que o ex-presidente agora chama de "Golfo da América", e a questão da Gronelândia.
"Donald Trump vai tentar negociar. Se o negócio não lhe correr como ele pretende, vai tomar pela força".
Imigração e indultos
No discurso, Trump reafirmou o compromisso com algumas das suas principais bandeiras de campanha, como a política de imigração e o perdão concedido a cerca de 1.600 pessoas envolvidas no assalto ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
"Se calhar choca mais até os termos usados, quando ele trata aquelas pessoas que tentaram operacionalizar um golpe para derrubar a democracia americana por reféns. A palavra reféns hoje em dia, até pelo que está a acontecer em Gaza, tem um peso muito grande, faz quase uma equiparação, e aquelas pessoas não podem ser tratadas por reféns. Quando muito Donald Trump poderia ter dito, a minha tropa de choque. Porque foi nisso que se tratou basicamente. Ele mandou aquelas pessoas irem assaltar o Capitólio e elas foram".
Ucrânia ausente
No discurso oficial, Trump não fez qualquer referência à guerra na Ucrânia.
A ausência de qualquer referência à Ucrânia no discurso oficial, embora, durante a campanha, tenha dito mais que uma vez que acabaria com a guerra assim que tomasse posse, significa que Trump "já percebeu que não é em 24 horas, nem é com um telefonema, provavelmente nem em 6 meses" que tal acontecerá, mas "está a jogar tudo no possível encontro com Vladimir Putin".
Situação do Médio Oriente
Em relação a Gaza e à situação do Médio Oriente, "sabemos que Trump reivindica para ele os louros daquilo que foi o trabalho da administração Biden ao longo deste tempo, ao longo das 12 vezes que António Blinken foi à região, nomeadamente, mas admitamos que a forma assertiva com que Donald Trump coloca as coisas possa ter ajudado nesta fase final a desbloquear o acordo".
"Mas o problema do Médio Oriente não está resolvido, longe disso, ainda há muitos reféns detidos, a destruição de Gaza continua, o desastre humanitário em Gaza, que para muita gente configura um genocídio, praticado por Israel, continua, e isso não foi alterado com as palavras de Donald Trump ontem".