Os manifestantes acusam o líder democrata-cristão, Friedrich Merz, de quebrar um pacto que vigora na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial, que impede qualquer colaboração com partidos extremistas.
A controvérsia vai além das novas regras propostas para regular a imigração. A legislação foi apresentada pela União Democrata-Cristã (CDU), partido da antiga chanceler Angela Merkel, e contou com o apoio da extrema-direita, o que gerou uma forte reação política e social. O parlamento deveria votar a medida esta sexta-feira, mas a votação foi suspensa para novas negociações. O objetivo, segundo a imprensa alemã, é encontrar uma solução que não dependa do voto da extrema-direita.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, existe um consenso político na Alemanha para excluir a extrema-direita de decisões governativas e impedir que tenha um papel determinante na aprovação de leis federais. No entanto, a Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema-direita, nunca teve tanto apoio popular. De acordo com as sondagens, a AfD deverá tornar-se a segunda força política mais votada nas próximas legislativas, marcadas para 23 de fevereiro.
Na noite passada, milhares de manifestantes em Berlim e noutras cidades protestaram contra a CDU por ter violado o compromisso de nunca cooperar com a extrema-direita. Friedrich Merz é acusado de trair os eleitores conservadores, a quem tinha garantido, no final do ano passado, que nunca colaboraria com a AfD. Em sua defesa, Merz argumenta que o mais importante é aprovar novas regras para gerir a imigração.
A opinião pública alemã está profundamente dividida sobre a questão. Segundo uma sondagem divulgada ontem à noite, 47% dos alemães não veem problema na colaboração entre partidos tradicionais e a extrema-direita. No entanto, a outra metade considera esta aliança inaceitável. Apesar disso, 71% dos inquiridos reconhecem que a AfD representa uma ameaça à democracia no país.