Donald Trump anunciou que está quarta-feira será um “dia da libertação” para os Estados Unidos da América. É quando o Presidente norte-americano vai apresentar o prometido plano de tarifas.
Os especialistas não conseguem calcular o impacto real que podem ter as medidas. Mas é possível compreender as razões que levam Donald Trump a aplicá-las. Para Ana Cavalieri, comentadora SIC, “a ideologia de comércio livre adotada no pós-guerra é assente num pressuposto que Trump considera errado”.
“Os EUA tinham tarifas muito baixas relativamente ao que os outros países aplicavam aos produtos americanos. O país pensava que, por ter uma economia robusta e dinâmica, conseguiria assumir esse sacrifício de assimetria para promover o desenvolvimento e o crescimento económico noutros países do mundo e, com esse crescimento, a liberalização política iria ser alcançada. Mas Trump e alguns republicanos mais populistas entendem que a China não conseguiu promover essa liberação politica”, contextualiza Ana Cavalieri.
A comentadora diz que, relativamente à China, que nos últimos anos “monopolizou grande parte das cadeias de produção” e tornou “países do ocidente dependentes das mesmas”, Trump quer impor tarifas de modo a “tentar revitalizar a indústria dos Estados Unidos”.
No entanto, os países da União Europeia também serão atingidos pelas medidas do Presidente norte-americano. Mas, neste caso, “é uma questão de retaliação”.
“Trump entende a UE é um mercado protecionista para promover as industrias dos vários países do mercado comum, que prejudica os EUA ao impor tarifas mais elevadas. Seria uma procura de simetria e retaliação”, considera Ana Cavalieri, que discorda das premissas de Trump. “Mesmo com o défice comercial que os EUA têm com a Europa em termos de bens, em serviços há um superavit para os EUA, ou seja, não é uma relação desigual. A questão tarifária não quer dizer que os consumidores americanos não beneficiem com preços mais baixos.”