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O fim do universo poderá chegar mais cedo do que se pensava

Nova previsão encurta significativamente o tempo até ao fim do Universo, mas o desaparecimento da Terra deverá acontecer muito antes.

Imagem de galáxias que combina os dados da Câmara de Infravermelhos Próximos (NIRCam) do Webb com observações do Telescópio Espacial Hubble.
Imagem de galáxias que combina os dados da Câmara de Infravermelhos Próximos (NIRCam) do Webb com observações do Telescópio Espacial Hubble.
James Webb Telescope

O Universo poderá desaparecer muito antes do que os cientistas pensavam. Segundo um novo estudo da Universidade Radboud, nos Países Baixos, o fim pode ocorrer dentro de 10 elevado a 78 anos - ou seja, um número com 78 zeros.

Num estudo publicado na revista Journal of Cosmology and Astroparticle Physics, os cientistas - uma equipa que junta um especialista em buracos negros, um físico quântico e um matemático - revelam os cálculos que fizeram e que representam uma revisão significativa face às estimativas anteriores, que apontavam para 10 elevado a 1.100 anos.

“O fim do universo está a chegar muito mais cedo do que o esperado, mas, felizmente, ainda vai demorar muito tempo”, afirmou o astrofísico Heino Falcke, principal autor do estudo.

O astrofísico Heino Falcke fez parte da equipa que comprovou a existência em imagens de Sagitário A* (Sgr A* -pronuncia-se Sagitário A-estrela), o buraco negro supermassivo que está no cento da nossa galáxia Via Láctea, na constelação de Sagitário e localizado a 27.000 anos-luz da Terra.

As últimas sobreviventes do Universo

A equipa decidiu calcular quando é que os corpos celestes mais resistentes - as anãs brancas - deixariam de existir. Estes objetos são os núcleos densos e frios que restam de estrelas como o Sol, depois de terem esgotado o seu combustível.

Com base na teoria da radiação Hawking, os cientistas estimaram o tempo necessário para que estes remanescentes se desfaçam por completo.

“Ao fazer este tipo de perguntas e ao estudar cenários extremos, queremos compreender melhor a teoria e, talvez um dia, desvendar o mistério da radiação Hawking”, explicou o matemático Walter van Suijlekom, coautor do estudo.

A teoria da radiação Hawking e a teoria da relatividade de Einstein

Nos anos 1970, o físico britânico Stephen Hawking propôs que os buracos negros não são completamente “negros”: emitem uma forma de radiação que os faz perder massa ao longo do tempo e que, portanto, as partículas e a radiação podiam escapar, um fenómeno hoje conhecido como radiação de Hawking.

Isto contradiz a teoria da relatividade de Albert Einstein, que diz que os buracos negros só podem crescer.

O novo estudo aplica esse princípio de Hawking a outros corpos densos do universo, como as anãs brancas. Segundo os autores, a taxa de evaporação depende da densidade do objeto — quanto mais denso, mais lenta será essa dissolução.

Um fim inevitável… mas inconsequente para a humanidade

Apesar de esta nova previsão encurtar significativamente o tempo até ao fim do Universo, não há motivo para preocupação. O desaparecimento da Terra deverá acontecer muito antes.

Os cientistas preveem que, dentro de cerca de mil milhões de anos, o Sol ficará demasiado quente, tornando impossível a existência de água líquida. E, daqui a oito mil milhões de anos, o Sol transformar-se-á numa gigante vermelha, engolindo a Terra no processo.

E se o universo não acabar assim?

Há várias teorias sobre o fim do universo: Big Rip, Big Crunch, entropia total…

Se a energia escura for constante, o Universo continuará a expandir-se indefinidamente, tornando-se cada vez mais frio e vazio.

Se a energia escura estiver a enfraquecer é possível que a expansão pare e que o Universo acabe por colapsar sobre si próprio num fenómeno chamado Big Crunch.

  • A energia escura é uma força misteriosa que se acredita estar a impulsionar a expansão do Universo. Representa quase 70% do Universo e é constante, de acordo com a teoria da relatividade de Albert Einstein.