Mundo

"Muitos saem de casa e não voltam": trabalhadores agrícolas temem rusgas contra imigrantes nos EUA

Na Califórnia, a agricultura depende quase exclusivamente da mão-de-obra imigrante. Mas muitos profissionais deixaram de aparecer com medo de serem detidos. "Ninguém se sente seguro quando ouve a palavra "ICE", nem mesmo os documentados", diz um produtor local.

Agricultor
Loading...

Na Califórnia a agricultura depende quase exclusivamente da mão-de-obra imigrante. As rusgas do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA no início deste mês assustaram os trabalhadores e a maioria deixou de aparecer.

“As pessoas levantam-se com medo, porque muitos de saem de casa e provavelmente não voltarão”, diz um trabalhador local.

A semente do medo foi plantada quando Donald Trump chegou à Casa Branca com a promessa de deportações em massa.

Há duas semanas, o Governo norte-americano anunciou a suspensão das operações no setor agrícola. O próprio Trump chegou a admitir que as rusgas estão a afetar a agricultura e prometeu proteger os imigrantes do setor.

No entanto, logo depois foram dadas ordens para que o trabalho do ICE prosseguisse em quintas, hotéis e restaurantes.

Trump terá sugerido que os agricultores poderão continuar a empregar trabalhadores sem documentos, ao abrigo de um sistema em que assumiriam a responsabilidade por eles

Entre avanços e recuos, o receio mantém-se

"Ninguém se sente seguro quando ouve a palavra "ICE", nem mesmo as pessoas documentadas. Sabemos que o bairro é composto por pessoas com e sem documentos. Afeta tudo o que fazemos", admite o agricultor Greg Tesch.

Não são só os produtores que temem o impacto das deportações e os alertas sucedem-se: sem estes trabalhadores, a cadeia de abastecimento alimentar e as economias das zonas agrícolas, dependentes da mão de obra imigrante, podem ficar comprometidas.

De acordo com os dados mais recentes do Departamento da Agricultura norte-americano, cerca de 40% das pessoas empregadas nas colheitas nos Estados Unidos não têm visto de trabalho válido.