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"Não fez nada de mal": 15 anos após Primavera Árabe, repressão intensifica-se contra ativistas na Tunísia

Cherifa Riahi foi detida em maio de 2024, acusada de albergar migrantes ilegais. Tinha dado à luz o segundo filho há apenas dois meses. Desde então está presa, sem julgamento ou acusação formal. A família insiste que ela não cometeu qualquer crime.

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Quinze anos depois da chamada Primavera Árabe, a Tunísia continua marcada pela instabilidade. O país vive numa tensão constante, com o regime a intensificar a repressão contra quem é considerado oposição. A liberdade de expressão e o espaço para a contestação parecem cada vez mais reduzidos.

Cherifa Riahi foi detida em maio de 2024, acusada de albergar migrantes ilegais. Tinha dado à luz o segundo filho há apenas dois meses. Desde então está presa, sem julgamento ou acusação formal.

A mãe visita-a todas as semanas. Leva comida e esperança de que regresse rapidamente a casa. A neta mais nova ainda não conhece a mãe e a mais velha já não se lembra dela. Mais de um ano depois, ainda não tem respostas.

"É um trabalho humanitário e ela adora-o. Não fez nada de mal, não prejudicou ninguém. Não se envolveu na política (...)."

Liderava uma organização de apoio a refugiados e ajudava migrantes da África subsaariana e outros a encontrar alojamento, medicamentos e alimentos. A família insiste que ela não cometeu qualquer crime.

A repressão à sociedade civil aumentou desde que o presidente Kais Saied assumiu o poder, em 2021. Desde então, organizações não governamentais com a 'I Watch', que fiscalizam atos de corrupção, têm sido impedidas de trabalhar. Os eventos são cancelados e os responsáveis perseguidos.

É um retrocesso na Tunísia, onde a sociedade civil floresceu depois da revolta de 2011, que inspirou a Primavera Árabe e deu início a uma transição democrática.

Mas, desde que Saied assumiu o poder, pelo menos uma dúzia de figuras da sociedade civil foram presas sob acusações que ativistas consideram forjadas. Pelo menos 10 organizações tiveram contas congeladas e escritórios revistados.

O Presidente considera que são traidores pagos por potências estrangeiras e que não vai permitir o caos no país.

Entretanto, Cherifa e outros ativistas continuam detidos, sem acusação, à espera da tal Primavera, que tarda em chegar.