A organização meteorológica mundial diz que os fogos florestais estão a contribuir para o aumento da poluição atmosférica e que os incêndios de agosto, em Portugal e em Espanha contribuíram para a degradação da qualidade do ar em grande parte do continente europeu.
Os cientistas não têm dúvidas. Os fogos deste verão na Península Ibérica foram uma das muitas consequências das alterações climáticas.
Portugal e Espanha sofreram uma das mais intensas vagas de calor de que há registo.
"Essas temperaturas muito elevadas são o que provoca estes incêndios. Secaram a vegetação e criaram condições propícias para que estes incêndios tivessem lugar", afirma Clair Barnes, investigadora Atribuição Climática Global.
E a situação tem vindo a piorar nos últimos anos.
"Os níveis de gravidade dos incêndios a que assistimos são agora cerca de 40 vezes mais prováveis do que seriam sem as alterações climáticas causadas pelo homem. Estar tanto calor durante 10 dias seguidos teria sido, talvez, 200 vezes menos provável num clima pré-industrial sem o aquecimento provocado pelo homem", diz a mesma responsável.
Mas não é só na Península Ibérica que está mais calor. A Europa está a aquecer duas vezes mais depressa do que a média do resto do planeta. Os fogos são uma das consequência mais visíveis, mas trazem outros problemas.
"Os incêndios florestais são uma fonte constante de poluentes atmosféricos. E sim, as fortes emissões dos incêndios na Península Ibérica têm o potencial de degradar a qualidade do ar, não só nas cidades de Espanha e Portugal, mas também no resto do continente europeu ocidental e no resto da Europa", refere Lorenzo Labrador, da Organização Climática Mundial.
Os incêndios deste verão em Portugal e Espanha foram responsáveis por valores recorde de emissões de dióxido de carbono, um dos maiores poluentes atmosféricos.
Além da Península Ibérica, os fogos na Amazónia, no Canadá, na Sibéria e no centro de África foram os que, nos últimos meses, mais contribuíram para o aumento da poluição atmosférica.
As Nações Unidas dizem que a má qualidade do ar mata prematuramente mais de 4 milhões e meio de pessoas todos os anos.