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EUA devem "abandonar o seu plano de mudança violenta de regime na Venezuela"

"Nenhum dos diferendos que temos ou tivemos justifica um conflito militar", disse Nicolás Maduro.

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O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que "nenhum dos diferendos" com os Estados Unidos "justifica um conflito militar", face às tensões sobre o destacamento militar norte-americano contra o tráfico de droga nas Caraíbas.

"Nenhum dos diferendos que temos ou tivemos justifica um conflito militar", disse Maduro, na sexta-feira, pedindo a Washington respeito, num comunicado transmitido por todas as estações de rádio e televisão do país.

"Os Estados Unidos da América devem abandonar o seu plano de mudança violenta de regime na Venezuela e em toda a América Latina e Caraíbas, e respeitar a soberania, o direito à paz e a independência dos nossos países", afirmou o Presidente.

Dirigindo-se diretamente ao líder norte-americano, Donald Trump, Maduro avisou-o que "alguns dos seus funcionários" - sem referir nomes - procuram "uma mudança de regime na Venezuela", algo que descreveu como "um erro".

O Presidente venezuelano falava durante a "ativação operacional e organizacional" da Milícia Nacional Bolivariana.

Em 18 de agosto, Maduro ordenou a deslocação de 4,5 milhões de milicianos em todo o país.

Isto após os Estados Unidos terem lançado operações de segurança marítima no sul das Caraíbas, para onde destacaram oito navios de guerra e três navios anfíbios, com mais de 4.500 operacionais, no âmbito do combate ao tráfico de droga.

Também na sexta-feira, Trump garantiu que, se as aeronaves militares venezuelanas colocarem as forças norte-americanas "numa posição perigosa, serão abatidas".

"Diria que se vão meter em problemas", sublinhou Trump, após ser questionado pelos jornalistas na Sala Oval.

Washington denunciou na quinta-feira o sobrevoo de um navio da Marinha norte-americana por duas aeronaves militares venezuelanas em águas internacionais como um "gesto altamente provocador".

Um porta-voz do departamento descreveu a manobra como uma "demonstração de força desnecessária e perigosa" e garantiu que a marinha dos EUA "continuará a operar livremente e em segurança em qualquer parte do mundo onde o direito internacional o permita".

No final de julho, os Estados Unidos classificaram como uma organização terrorista o "Cartel dos Sóis", um grupo que Washington alega estar ligado a Nicolás Maduro.

"Estes relatórios de inteligência que estão a receber não são verdadeiros. A Venezuela é hoje um país livre da produção de folha de coca e cocaína, e é um país que combate o tráfico de droga", disse Maduro.
"A Venezuela sempre esteve disposta a discutir, a dialogar, mas exigimos respeito", acrescentou o chefe de Estado.

A estação CBS noticiou na sexta-feira, citando uma fonte ligada ao processo, que o Governo norte-americano ordenou o envio de mais dez caças para Porto Rico, para combater o tráfico de droga nas Caraíbas.

Questionado sobre o assunto, Trump não confirmou, mas respondeu que adota uma postura dura no combate à droga.