Foi demitido esta quinta-feira o embaixador do Reino Unido nos EUA, Peter Mandelson, depois de ter ficado conhecida a relação próxima que teve com o criminoso sexual Jeffrey Epstein.
O anúncio foi feito esta manhã pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros na Câmara dos Comuns. A explicação dada pelo governo para a demissão de Mandelson é de que havia novas informações nos e-mails divulgados esta quarta-feira entre ele e Jeffrey Epstein que eram "materialmente diferentes" do que se sabia na altura da nomeação.
Mandelson, um político veterano do Partido Trabalhista que foi fundamental para o sucesso do partido sob o comando do ex-líder Tony Blair, foi alvo de intenso escrutínio após ter sido revelada a relação próxima que manteve com Epstein.
O "melhor amigo" Epstein
Um conjunto de correspondências compilado por Ghislaine Maxwell, criminosa sexual condenada, para o 50.º aniversário de Epstein incluía uma carta manuscrita em que Mandelson se referia a Epstein como o seu "melhor amigo".
Esta correspondência, de 2003, foi entregue à comissão da Câmara dos Representantes e é agora divulgada. Antes do anúncio da demissão, a embaixada do Reino Unido em Washington foi contactada para comentar, mas indicou que Mandelson já tinha dito que se arrepende de "alguma vez ter conhecido" Epstein.
Questionado sobre a divulgação da carta, o porta-voz do primeiro-ministro, Keir Starmer, disse que Mandelson já havia respondido a perguntas sobre sua relação com Epstein e que Keir Starmer continuava a ter total confiança nele.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro britânico reforçou essa ideia de "confiança", no entanto esta não resistiu ao escrutínio e pressão que recaiu sobre si.
Recorde-se que Peter Mandelson foi nomeado Embaixador do Reino Unido nos EUA em dezembro de 2024, tendo assumido o cargo no dia 10 de fevereiro de 2025.
Epstein: um "homem inteligente e perspicaz"
Na missiva de Mandelson, que data de 2003, o embaixador britânico dizia que Jeffrey Epstein era "um homem inteligente e perspicaz, a quem chamavam de 'misterioso'".
Lê-se ainda que era frequente esperar "muitas horas" até que este aparecesse e "muitas vezes", assim que se habituavam a "tê-lo por perto", de repente desaparecia "novamente".
"Deixava-nos com alguns amigos ‘interessantes’ para entreter... ou apenas alguns cães para nos fazer companhia (ele nem sempre gostava muito deles)... Mas depois voltava... Muito ocasionalmente, surpreendendo-nos em lugares distantes... ou numa das suas casas gloriosas que ele gosta de partilhar com os amigos (nham, nham)... Mas onde quer que ele esteja no mundo, continua a ser o meu melhor amigo!", escreveu na carta agora divulgada.