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Trump ataca a ONU e diz que só ele acabou "com sete guerras"

Donald Trump discursou durante 56 minutos na Assembleia Geral da ONU, ultrapassando largamente o tempo limite de 15 minutos. Ao longo da intervenção, o presidente dos Estados Unidos criticou a organização, classificando-a como ineficaz e repleta de “palavras vazias”. Além disso, fez vários autoelogios, defendeu a sua política anti-imigração, atacou o Irão e o Hamas, e mencionou ainda um breve encontro com Lula da Silva.

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Donald Trump tinha 15 minutos para discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, mas ultrapassou largamente o tempo, aproveitando a intervenção para criticar o papel da ONU no mundo e elogiar-se a si próprio.

Perante os representantes dos 193 países membros da Organização das Nações Unidas e alguns observadores, como a Santa Sé e a Palestina, Donald Trump escolheu começar o seu discurso de 56 minutos com uma piada:

"E não me importo de fazer este discurso sem o teleponto. Porque o teleponto não está a funcionar (...) Assim, falamos de forma mais genuína. Só posso dizer que, quem está a operar o teleponto, meteu-se em sarilhos", disse.

A ameaça humorística feita por Donald Trump arrancou gargalhadas a alguns e foi apenas a primeira de várias lançadas por um presidente que começou com os habituais autoelogios. Eis apenas alguns exemplos:

"Fiquei muito orgulhoso por ver esta manhã que tinha os números mais altos nas sondagens de sempre (...) Durante a campanha havia um chapéu, o chapéu mais vendido: 'Trump tinha razão sobre tudo'. E não digo isto de forma arrogante, mas é a verdade. Tenho tido razão sobre tudo (...) Pus fim a sete guerras (...) Todos dizem que devia receber o Prémio Nobel da Paz por cada um destes feitos (...) Esta é, sem dúvida, a Era Dourada da América. Sou muito bom nisto. Os vossos países vão para o inferno."

Mais uma certeza, agora em forma de aviso. O inferno, para Trump, chegará se algum país tiver fronteiras abertas. Trump passou depois ao ataque às Nações Unidas:

"Tudo o que recebi das Nações Unidas foram umas escadas rolantes que, na subida, pararam. Se a primeira-dama não estivesse em grande forma, teria caído. Mas está em grande forma. Estamos ambos em boa forma. Ficámos em pé. E depois o teleponto que não funcionava. Foram as duas coisas que recebi das Nações Unidas. Umas escadas rolantes e um teleponto avariados (...) Pelo menos por agora, parece que só escrevem uma carta, com palavras muito fortes, e depois nunca dão seguimento. São palavras vazias, e palavras vazias não resolvem guerras."

Palavras que foram também atos quando Trump era construtor civil e apresentou uma proposta orçamental para renovar a sede da ONU, em Nova Iorque. Uma proposta de trabalho que as Nações Unidas rejeitaram.

"Escolheram outra opção e, na altura, foi muito mais cara. E ficaram com algo inferior", afirmou.

Feito o ajuste de contas sobre as obras que não aconteceram, Trump celebrou a política anti-imigração e o ataque ao Irão. Lamentou a guerra na Ucrânia e criticou quem compra petróleo à Rússia.

Acusou ainda o Hamas de rejeitar repetidamente os esforços para alcançar a paz. Mas não dedicou uma única palavra ao papel de Israel, já qualificado como genocídio por uma comissão de inquérito da própria ONU.

"Agora, como forma de incentivar o conflito contínuo, têm procurado reconhecer unilateralmente o Estado Palestiniano. As recompensas seriam demasiado grandes para os terroristas do Hamas, pelas suas atrocidades. Isto seria uma recompensa por estas horríveis atrocidades", disse.

Trump ainda teve tempo para declarar publicamente a alegria de um breve, mas marcante, encontro nos bastidores com Lula da Silva, presidente de um país alvo de pesadas taxas aduaneiras norte-americanas e de duras críticas políticas.

"Durante 39 segundos, houve uma excelente química entre nós. É bom sinal", garantiu.

É sinal de que, na política mundial, a físico-química continua a ser uma disciplina importante.