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Pró-europeus vencem eleições na Moldávia com pelo menos 48%

Moldavos tinham de escolher nestas eleições entre continuar a aproximação à União Europeia ou o regresso ao seio da Rússia.

Apoiante do Partido de Ação e Solidariedade (PAS) pró-UE
Apoiante do Partido de Ação e Solidariedade (PAS) pró-UE
Vadim Ghirda/AP

O partido pró-europeu PAS, da Presidente Maia Sandu, venceu as eleições legislativas na Moldávia com mais de 50% dos votos, e deverá manter a maioria absoluta no Parlamento, segundo resultados oficiais após a contagem de 99,52% dos votos.

O Partido Ação e Verdade (PAS), no poder desde 2021, obteve 50,03% dos votos, à frente do Bloco Patriótico pró-Rússia, com 24,26% dos votos escrutinados, de acordo com os resultados publicados pela Comissão Eleitoral Central no seu portal na internet.

De acordo com as projeções, o PAS poderá manter a maioria absoluta no Parlamento, com 55 dos 101 assentos. Na legislatura anterior, detinha 63 assentos.

O partido está à frente do Bloco Patriótico, pró-Rússia, que obteve 24,26% dos votos e cujo líder, o ex-presidente Igor Dodon (2016-2020), reivindicou a vitória e convocou para hoje uma manifestação na capital, Chisinau.

Em terceiro lugar, com 7,99%, está o Movimento Alternativo Nacional (MAS) do presidente da Câmara de Chisinau, Ion Ceban, que apelou ao voto contra o PAS.

O analista do grupo de reflexão WatchDog, Andrei Curararu, considerou que o Kremlin poderá "recorrer a manifestações, à corrupção dos deputados do PAS e a outras táticas para perturbar a formação de um governo pró-europeu estável".

Segundo a agência de notícias moldava Moldpress, mais de 1,6 milhões de pessoas votaram, o que coloca a taxa de participação em mais de 52%, ou seja, cerca de 4% acima da afluência às urnas verificada nas eleições parlamentares antecipadas de 2021.

Liderando a maioria das sondagens, o PAS perdeu, no entanto, terreno desde 2021, devido, em particular, às dificuldades económicas do país, um dos mais pobres da Europa, e que entregou o pedido de adesão formal à União Europeia em 2022.

A votação foi ensombrada por receios de compra de votos e distúrbios, bem como por uma "campanha de desinformação sem precedentes" conduzida pela Rússia, segundo a União Europeia.

Propaganda, cerca de 200 incidentes e ameaças de bomba

O dia decorreu com normalidade, embora a missão de observação da ONG moldava Promo-Lex tenha registado cerca de 200 incidentes, incluindo a presença de material de propaganda dentro das assembleias de voto, violação do sigilo do voto e localização incorreta das cabines de votação, violações do processo eleitoral, que ocorreram tanto em localidades moldavas como em centros designados na Alemanha, Itália, Roménia, Estados Unidos ou Grécia.

A organização documentou ainda ameaças de bomba em dez centros, o que provocou a retirada dos eleitores, embora, graças à intervenção das autoridades, a votação tenha sido posteriormente retomada.

Estas eleições são cruciais para o futuro a médio prazo da pequena nação com aspirações europeístas, localizada num contexto regional marcado pela guerra na Ucrânia e pelas tentativas, sem precedentes, de ingerência de Moscovo, embora não exclusivas, nos últimos anos.

As autoridades moldavas denunciam há muito tempo que Moscovo tenta influenciar estas eleições financiando a compra de votos e campanhas de desinformação nas redes sociais, mas também com distúrbios e ciberataques.

Rússia terá tentado interferir

Depois de votar em Chisinau, a Presidente moldava, Maia Sandu, alertou para a "interferência maciça da Rússia", afirmando aos jornalistas que o seu país, vizinho da Ucrânia, estava "em perigo".

Desde 1 de agosto, a polícia moldava realizou mais de 600 buscas relacionadas com tentativas de desestabilização, segundo o Governo, e dezenas de pessoas foram presas.

O serviço de cibersegurança da Moldávia informou esta segunda-feira que detetou várias tentativas de ataques à infraestrutura eleitoral, "neutralizados em tempo real, sem afetar a disponibilidade ou integridade dos serviços eleitorais".

Moscovo tem negado qualquer forma de interferência.

Com 2,4 milhões de habitantes, a Moldávia tem enfrentado várias crises desde a invasão russa à vizinha Ucrânia, em 2022, pondo em risco o Governo pró-europeu de Chisinau, que considera a adesão ao bloco europeu como crucial para se libertar da esfera de influência de Moscovo.

Cerca de vinte partidos e candidatos independentes concorreram às eleições, que devem preencher 101 lugares.

Em 2021, o PAS venceu com 52,8% dos votos contra 27,2% do Bloco dos Socialistas e Comunistas.