O vice-primeiro-ministro e fundador dos talibãs, Abdul Ghani Baradar, apelou esta sexta-feira à comunidade internacional para apoiar “sem qualquer preconceito político” os afegãos, quando o país se confronta com uma grave crise humanitária.
“O mundo deve apoiar o povo afegão sem qualquer preconceito político e promover as suas obrigações humanitárias”, declarou num vídeo difundido pelos ‘media’ públicos.
“Em diversos locais as pessoas não têm alimentos, habitação, roupas quentes ou dinheiro”, acrescentou.
Nos últimos dias a neve cobriu uma larga parte do centro e norte do Afeganistão, enquanto em algumas regiões do Sul se registaram inundações.
Segundo Abdul Ghani Baradar, esta situação tem complicado as condições de vida dos afegãos, já duramente afetados pelo fim da ajuda internacional, apesar de ter assegurado que os talibãs estão preparados para enfrentar esta “situação de emergência”.
Índia envia duas toneladas de medicamentos
Neste contexto, a Índia anunciou esta sexta-feira o envio para o Afeganistão de duas toneladas de medicamentos, apesar de ainda não ter reconhecido oficialmente o Governo talibã.
Os medicamentos foram entregues ao Hospital Indira Gandhi, que funciona na capital, e que foi construído em 2004 com financiamento indiano, anunciou Arindam Bagchi, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Em dezembro, a Índia forneceu ao Afeganistão 500.000 doses de vacinas contra o covid-19 e 1,6 toneladas de produtos médicos através da Organização Mundial da Saúde, acrescentou Bagchi.
A Índia também anunciou que vai fornecer 50.000 toneladas de trigo ao Afeganistão para compensar a escassez de alimentos no país e está a concluir os detalhes do embarque com o Governo paquistanês.
O Paquistão não autoriza que veículos indianos utilizem as suas vias rodoviárias em direção ao Afeganistão devido às tensas relações com o Governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
Afeganistão pode tornar-se numa das piores catástrofes humanitárias do mundo
Após a queda do antigo Governo afegão apoiado pelos Estados Unidos e seus aliados em meados de agosto, os países ocidentais interromperam as ajudais cruciais destinadas ao país asiático.
Washington congelou perto de 10 mil milhões de dólares (8,85 mil milhões de euros) do Afeganistão e o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional suspenderam as suas ajudas.
As Nações Unidas alertaram que o Afeganistão está a caminho de se tornar numa das piores catástrofes humanitárias do mundo. Segundo diversas organizações internacionais, mais de metade da população de 38 milhões de habitantes vai ser afetada pela fome.
Em dezembro foram adotadas algumas medidas, com a aprovação de uma resolução da ONU que facilita durante um ano o envio de ajuda humanitária ao Afeganistão e a promessa da Organização da Cooperação Islâmica (OCI) de estabelecer um fundo e tentar desbloquear uma parte dos bens e ativos do país.