Um grande incêndio deflagrou esta sexta-feira numa instalação da Aramco na cidade saudita de Jeddah, segundo imagens captadas no local, com os rebeldes Huthis do Iémen a reivindicarem a responsabilidade por um ataque à petrolífera saudita naquela cidade.
As imagens das chamas nos depósitos da Aramco – a maior companhia do ramo do mundo em termos de reservas de crude e de produção – e de uma coluna de fumo que sobe centenas de metros e é visível de toda Jeddah, foram divulgadas no Twitter por vários utilizadores, enquanto decorriam treinos livres para o Grande Prémio da Arábia Saudita de Fórmula 1.
A autoridades locais ainda não noticiaram o incêndio, mas um porta-voz militar Huthi, Yahya Sarea, disse numa mensagem televisiva que os rebeldes lançaram um ataque com mísseis contra “as instalações da Aramco em Jeddah e outras instalações vitais na capital do inimigo saudita, Riade”.
As instalações da companhia estatal saudita em Jeddah armazenam gasóleo, gasolina e outros combustíveis para uso na cidade, a segunda maior do reino, representando mais de um quarto de todo o armazenamento destes produtos na Arábia Saudita e também fornecendo combustível crucial para uma central regional de dessalinização.
Treinos livres do GP da Arábia Saudita de Fórmula 1 atrasados após incêndio
A segunda sessão de treinos livres para o Grande Prémio da Arábia Saudita de Fórmula 1 começou esta sexta-feira com atraso, devido aos ataques.
A sessão deveria iniciar-se às 20:00 locais (17:00 em Lisboa), mas começou com 15 minutos de atraso, depois de o patrão da Fórmula 1, Stefano Domenicali, ter contactado com os pilotos e com as equipas para os informar da situação.
“Ele informou-os de que o fim de semana se vai desenrolar como previsto e que a segurança do evento é uma prioridade para as autoridades após o incidente. Ele vai continuar a mantê-los ao corrente de todas as novas informações e deverá encontrar-se com os chefes das equipas durante a noite para partilhar toda a informação”, disse um porta-voz da F1, citado pela agência France-Presse.
Arábia Saudita intercetou seis drones lançados pelos Huthis
A Arábia Saudita tinha anunciado antes ter intercetado esta sexta-feira seis ‘drones’ lançados pelos rebeldes Huthis do Iémen, menos de uma semana após outra ação similar que atingiu instalações petrolíferas sauditas.
A aliança militar liderada por Riade que intervém no conflito iemenita detalhou que os aviões não tripulados (‘drones’) e com explosivos foram lançados de madrugada contra posições não especificadas do sul da Arábia Saudita, onde este país mantém uma fronteira com o Iémen, e “foram deliberadamente dirigidos contra objetivos civis e instalações energéticas”.
Esta nova vaga de ataques que os Huthis têm efetuado periodicamente contra objetivos no país vizinho em resposta à sua intervenção no Iémen ocorreu apenas cinco dias após outras operações semelhantes que atingiram sete instalações estratégicas, incluindo cinco de gás e de petróleo.
Na sequência destes ataques, que atingiram a produção de uma refinaria e provocaram um incêndio numa estação de distribuição petrolífera, Riade advertiu que estas ações poderiam afetar o seu fornecimento de petróleo.
Isto num momento em que os preços do crude registaram um importante aumento devido ao conflito na Ucrânia, e quando os países consumidores tentam pressionar a Arábia Saudita, o maior exportador mundial desta fonte de energia, e outros países do Golfo Pérsico, a aumentarem a sua produção.
Conflito no Iémen começou em 2014
O conflito no Iémen iniciou-se em 2014 após os Huthis, apoiados pelo Irão, se terem revoltado contra o Governo e assumido o controlo da capital Sanaa e de outras províncias do norte e oeste do país.
No ano seguinte, uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita envolveu-se no conflito.
A ONU considera que esta guerra, que já causou mais de 100 mil mortos, sobretudo civis, provocou uma das piores crises humanitárias do mundo.