O novo diretor de comunicação de Downing Street, Guto Harri, revelou que o primeiro-ministro britânico se ajoelhou e cantou o hit dos anos 70 “I Will Survive” (vou sobreviver, em português), aquando da sua nomeação. Guto Harri e Boris Johnson encontraram-se na passada sexta-feira para discutir a polémica “Partygate” em torno do Governo britânico.
Numa entrevista ao website Golwg 360, o galês fala sobre a experiência de assumir um dos principais cargos de Downing Street, numa altura em que estão a ser lançadas críticas ao Governo pelas festas ilegais realizadas durante a pandemia.
“Eu entrei e fiz uma saudação e disse ‘primeiro-ministro, Guto Harri apresenta-se ao dever’ e ele levantou-se da mesa e começou a fazer a saudação, mas então afirmou ‘o que estou a fazer? Devia estar ajoelhado perante si'”, indica Harri.
“Rimo-nos e perguntei-lhe ‘vai conseguir sobreviver, Boris?’ e ele, na sua voz profunda e lenta, começou a cantar um pouco enquanto terminava a frase ‘I will survive'”.
Harri decidiu dar continuidade à letra, acabando por dizer “tem toda a sua vida para viver” e Boris Johnson acompanhou: “Eu tenho todo o meu amor para dar”.
Na entrevista, Guto Harri esclarece que “90% da conversa foi séria”, focada na recuperação da imagem do Governo, manchada com a polémica “Partygate”.
“Ele não é tão palhaço, mas é uma personagem muito simpática”.
Guto Harri assumirá agora o papel de Jack Doyle, que deixou o cargo na semana passada após uma série de demissões da equipa de Boris Johnson.
Depois do diretor de comunicação do Governo britânico, Jack Doyle, e da conselheira, Munira Mirza, terem pedido a demissão, o chefe de gabinete, Dan Rosenfield, e o secretário particular do primeiro-ministro, Martin Reynolds, também abandonaram as funções que desempenhavam.
O relatório sobre o chamado “Partygate” cobriu 16 “ajuntamentos” de assessores e membros do Executivo, nomeadamente festas de despedida de funcionários ou de celebração do Natal, das quais apenas quatro não estão a ser investigadas pela polícia.
O chamado “Partygate” causou uma onda de indignação entre os britânicos, impedidos de se encontrar com amigos e familiares durante meses em 2020 e 2021, de forma a conter a propagação da covid-19.
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