Opinião

Compreender o conflito (I): diário da maior tensão na Europa desde a II Guerra Mundial

Artigo de Germano Almeida, comentador SIC.

Compreender o conflito (I): diário da maior tensão na Europa desde a II Guerra Mundial

A partir desta segunda, todos os dias, cinco pontos para percebermos o que está a acontecer no Leste da Europa – e o que pode mudar na vida de todos nós

1 – 75% DAS FORÇAS RUSSAS ESTÃO PRONTAS A COMBATER NA UCRÂNIA. Inteligência norte-americana garante que a Rússia já mobilizou 75% das suas forças convencionais para combater na Ucrânia (incluindo 120 dos 160 batalhões táticos, cada um com 800 a 1000 unidades, e 35 dos 50 batalhões defensivos que o exército russo dispõe.

2 – EMBAIXADA DOS EUA EM MOSCOVO AVISA CIDADÃOS AMERICANOS. A embaixada dos EUA em Moscovo ativou um plano de evacuação de todos os cidadãos norte-americanos presentes na Rússia, avisando-os de que poderão estar em risco se se mantiverem na capital russa. Numa mensagem aos americanos na Rússia, a embaixada dos EUA aponta: “Houve ameaças de ataques contra shopping centers, estações ferroviárias e de metro e outros locais de encontro público nas principais áreas urbanas, incluindo Moscovo e São Petersburgo, bem como em áreas de maior tensão ao longo da fronteira russa com a Ucrânia.”

3 – MACRON PROMOVE CIMEIRA BIDEN/PUTIN. Na frente diplomática, as últimas horas foram de intensas movimentações. Biden e Macron falaram ao telefone. Isto depois do presidente francês ter também falado com Putin – dessa conversa entre os presidentes de França e Rússia terá saído um entendimento no sentido de reativar o Diálogo Trilateral Rússia/OSCE/Ucrânia. Macron convidou Vladimir Putin e Joe Biden para fazerem uma cimeira de emergência nos próximos dias, de modo a evitar a guerra à 25.ª hora. Ainda não há confirmação de Washington e Moscovo em relação este possível encontro Biden/Putin, mas o Palácio de Eliseu avançou que haverá um acordo de princípio entre os presidentes dos EUA e Rússia, uma indicação que, entretanto, a porta-voz do Presidente Biden, Jen Psaki, já confirmou. Pode ser segundo encontro presencial entre presidentes EUA e Rússia, depois de Genebra em junho passado; a reunião deverá ser na Europa. O conteúdo dessa cimeira EUA/Rússia será preparado pelo secretário de Estado Blinken e pelo ministro Lavrov durante a sua reunião que ambos vão ter na próxima quinta-feira. No entanto, Blinken só mantém esse encontro pessoal com Lavrov “se até lá a Rússia não concretizar a invasão”, pelo que, pelo atual evoluir dos acontecimentos, está longe de ser certo que até quinta estes pressupostos sejam mantidos.

4 – BIDEN CONVENCIDO QUE PUTIN JÁ DECIDIU. Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse estar “convencido” de que o presidente russo, Vladimir Putin, “tomou a decisão” de invadir a Ucrânia nos próximos dias. “Acreditamos que eles terão como alvo a capital da Ucrânia, Kiev, uma cidade de 2,8 milhões de pessoas inocentes”Informações dos serviços secretos indicam que a Rússia está a planear “a maior guerra na Europa desde 1945”, um plano que “já começou em alguns sentidos”, afirma o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. As informações dos serviços secretos britânicos indicam que a Rússia planeia uma invasão que irá cercar a capital ucraniana, Kiev; “As pessoas têm de entender o enorme custo para a vida humana que isto pode acarretar”, alertou Johnson, citado na página eletrónica da BBC. Boris Johnson pediu aos líderes ocidentais que mostrem unidade e se mantenham a falar “a uma só voz” nesta crise.

5 – CARTA DA AMÉRICA À ONU DENUNCIA “LISTA DA RÚSSIA”. A Administração Biden acusa as forças russas de estarem a criar “listas de ucranianos identificados para serem mortos ou enviados para campos” no caso de uma invasão, de acordo com uma carta enviada pelos EUA à Alta Comissária dos Direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet. De acordo com o Washington Post, a carta, sem data, cita a conduta da Rússia em partes da Ucrânia que já ocupa, que anteriormente incluíam “assassinatos seletivos, sequestros/desaparecimentos forçados, detenções injustas e uso de tortura”, e diz que informações recentes sugerem que mais abusos estão a ser planeados.