Germano Almeida

Comentador SIC Notícias

Guerra Rússia-Ucrânia

Compreender o conflito (XLI): crime em Kramatorsk 

Artigo de Germano Almeida, comentador SIC.

Compreender o conflito (XLI): crime em Kramatorsk 

Cinco pontos para percebermos o que está a acontecer no Leste da Europa – e o que pode mudar na vida de todos nós.

1 — CRIME EM KRAMATORSK

Pelo menos meia centena de mortos e um número indeterminado de feridos. O ataque à estação de comboios de Kramatorsk, na província de Donetsk, foi feito em pleno período de retirada dos civis, antes da batalha que se avizinha na região de Donbass. Mulheres, crianças (pelo menos cinco), idosos, é esse o perfil das vítimas mortais: pessoas que estavam fugir da guerra que se avizinha. Mais um crime para esclarecer em todas as suas dimensões.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que não havia tropas ucranianas na estação de comboios quando foi atacada. O autarca de Kramatorsk adianta que havia 4.000 pessoas, a maioria idosos, mulheres e crianças, na estação no momento do ataque. A Rússia qualquer responsabilidade.

2 – “O MAL NÃO TEM LIMITES”

“O Mal não tem limites”, acusa Zelensky. O Presidente da Ucrânia acusa a Rússia pelo sucedido na estação de comboios de Kramatorsk. Zelensky acusou as forças russas de atacar civis deliberadamente: “Sem força e coragem para nos enfrentar no campo de batalha, eles estão destruindo cinicamente a população civil. Este é um mal que não tem limites. E se não for punido, nunca vai parar.” Posteriormente, em discurso ao Parlamento da Finlândia, Zelensky disse que não havia tropas ucraniana na estação no momento do ataque.

3 – “ABATE DELIBERADO DE CIVIS”, ACUSA KULEBA

O ataque russo à estação de comboios de Kramatorsk foi “abate deliberado” de civis, diz Kuleba. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, acusou a Rússia de “massacre deliberado” de dezenas de civis após um ataque de míssil russo na estação ferroviária de Kramatorsk.

Kuleba escreveu no Twitter: “Os russos sabiam que a estação de Kramatorsk estava cheia de civis, à espera para serem evacuados. No entanto, mandaram um míssil balístico. Este foi um massacre deliberado. Levaremos cada criminoso de guerra à justiça.”

Mykhailo Podolyak, um dos principais conselheiros do Presidente Zelensky, descreveu o ataque como “um ato deliberado de intimidação”.

4 – RÚSSIA NEGA QUALQUER ENVOLVIMENTO EM KRAMATORSK

A Rússia negou, esta sexta-feira, que as suas forças armadas tenham realizado o ataque com mísseis à estação ferroviária de Kramatorsk, no leste da Ucrânia.

“Todas as acusações de representantes do regime nacionalista de Kiev de que a Rússia realizou um ataque com mísseis na estação ferroviária de Kramatorsk são uma provocação e não correspondem à verdade“, disse o Ministério da Defesa, num comunicado publicado na sua página oficial na rede de mensagens Telegram.

Entretanto, cerca de 700 pessoas morreram durante o cerco de Chernihiv. De acordo com o presidente da Câmara de Chernihiv, Vladyslav Atroshenko, cerca de sete centenas de pessoas foram mortas pelas tropas russas no cerco à cidade, desde o início da guerra na Ucrânia. O número inclui tanto soldados como civis.

5 – FINLÂNDIA E SUÉCIA CANDIDATAS À NATO “DENTRO DE SEMANAS”

Finlândia e a Suécia deverão apresentar a sua candidatura à NATO “dentro de semanas”, adiantou esta quinta-feira o ex-primeiro-ministro finlandês, Alexander Stubb.

“No início da guerra, disse que a agressão de Putin levará a Finlândia e a Suécia a candidatarem-se à NATO. Eu disse que não era uma questão de dias ou semanas, mas sim de meses. Tempo para rever: A Finlândia irá candidatar-se dentro de semanas, no final de maio. A Suécia será a seguir ou ao mesmo tempo”, escreveu Alexander Stubb no Twitter.

Na quarta-feira, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Jens Stoltenberg, lembrou que a “eventual adesão da Finlândia e Suécia à NATO pode ser muito rápida”, uma vez que os dois países mantêm uma proximidade com a Aliança Atlântica já há muito tempo.

“Não há outros países que estejam mais próximos da NATO, que tenham trabalhado tão de perto connosco durante tantos anos, em termos de interoperabilidade e exercícios militares, além de que sabemos que cumprem os nossos requisitos ao nível do controlo político democrático civil das instituições de segurança e das forças armadas. Essa é a razão pela qual acredito que um eventual processo de adesão para estes países pode ser bastante rápido”, disse Jens Stoltenberg.

Cabe assim à Finlândia e à Suécia “decidirem se querem candidatar-se a ser membros ou não”, acrescentou o secretário-geral da NATO, a partir de Bruxelas. Caso decidam candidatar-se, a expectativa é que “todos os aliados os acolham”.

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