Bernardo Ferrão considera que tem de ser apurado o que é que os Serviços Secretos descobriram e fizeram desde 2014, altura em que começaram a investigar russos de Setúbal. Lembra ainda que o PS exigiu ouvir Medina no Parlamento na altura da polémica de partilha de informações de organizadores de uma manifestação anti Putin.
Na Edição da Tarde, disse concordar “em parte” com Pedro Delgado Alves, do PS, quando diz que é preciso “respeitar aquilo que está, de certa forma, determinado pela lei, todos os espaços onde as pessoas devem ser ouvidas”.
No entanto, refere:
“O problema é quando o Partido Socialista não dá ele próprio o exemplo de cumprimento dessas regras”.
Bernardo Ferrão lembra que o PS quis ouvir Fernando Medina, na altura presidente da Câmara de Lisboa, quando veio a público que os serviços da câmara partilharam dados pessoais de organizadores de uma manifestação anti Putin com a embaixada da Rússia em Lisboa e o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.
“Qual é a diferença entre a Câmara de Setúbal e, à época, Fernando Medina?”, questiona.
“Temos diferentes comportamentos para situações muito parecidas”, afirma.
O PS chumbou a audição no Parlamento do presidente da Câmara de Setúbal e aprovou a do ministro da Administração Interna e da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares sobre o acolhimento de refugiados ucranianos naquele município.
Os requerimentos para chamar o presidente da Câmara de Setúbal, André Martins, eleito pela CDU (PCP/PEV), foram apresentados pelo PSD, Chega, IL e PAN e chumbados com os votos contra dos deputados do PS e os votos favoráveis dos restantes partidos, incluindo o PCP.
Bernardo Ferrão considera que “faz sentido ouvir o que os Serviços Secretos estão a investigar”.
Segundo o jornal Expresso, os Serviços de Informação e Segurança monitorizam movimentações de russos em Setúbal desde a invasão da Crimeia.
“É preciso perceber se os Serviços Secretos estão atrás do casal russo, o que fizeram, que movimentos pararam”, diz.
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