A Suécia e a Finlândia vão enviar esta semana delegações a Ancara na esperança de convencer a Turquia a retirar a sua oposição às suas candidaturas de adesão à NATO, indicou esta terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros finlandês.
“Quando vemos que estão a registar-se problemas, claro que adotamos a via diplomática. Vamos enviar as nossas delegações a Ancara e isso vai ocorrer amanhã”, disse Pekka Haavisto no decurso de uma mesa-redonda em Davos, onde decorre durante esta semana a reunião anual do Fórum Económico Mundial.
O ministro recordou que a invasão da Ucrânia pela Rússia obrigou Helsínquia a repensar a sua posição de permanecer à margem da Aliança Atlântica.
“Pensamos que a NATO é um grupo de 30 países democráticos com valores comuns e uma cooperação transatlântica muito forte, e é isso que procuramos neste momento”, acrescentou.
Segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros turco, o porta-voz da presidência, Ibrahim Kalin, e o vice-ministro Sedat Onal vão participar na reunião que vai decorrer na quarta-feira.
A televisão privada turca NTV cita o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Çavusoglu, e revela que Ancara preparou um “projeto de acordo” que servirá de base às discussões. A Turquia pretende “garantias” que podem ser fornecidas num acordo oficial e assinado.
Há muito que a Turquia acusa os países nórdicos, em particular a Suécia que possui uma importante comunidade de imigrantes turcos, de garantir abrigo a militantes curdos e a apoiantes do clérigo islâmico Fethullah Gülen – a viver nos Estados Unidos desde 1999 e acusado de ter orquestrado a tentativa de golpe de Estado de julho de 2016.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, também advertiu no passado sábado que se oporia à candidatura dos dois países à NATO enquanto não respondessem aos seus pedidos relacionados com o “combate ao terrorismo”. Algo que poderá representar um importante obstáculo dado ser necessário um consenso para as decisões da Aliança.
“Compreendemos que a Turquia manifeste inquietações que lhe são próprias em matéria de segurança, como o terrorismo”, comentou Pekka Haavisto.
“Pensamos que temos boas respostas” e “que este problema será resolvido”, prosseguiu.
Diversos analistas consideram que a oposição de Ancara também se destina a garantir concessões de outros Estados-membros, incluindo a entrega de aviões de combate modernos pelos Estados Unidos.
“Poderão também existir outras questões que não estão diretamente ligadas à Finlândia e à Suécia”, admitiu esta terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros finlandês, manifestando a convicção “que a NATO pode resolver o problema”.
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