Guerra Rússia-Ucrânia

Alemanha não consegue acelerar embargo ao gás da Rússia

Já que precisa de construir infraestruturas para conseguir fazer o abastecimento por outras fontes.

Alemanha não consegue acelerar embargo ao gás da Rússia

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, considerou esta sexta-feira “inviável” acelerar um embargo ao gás da Rússia, porque a Alemanha precisa de construir infraestruturas para conseguir fazer o abastecimento por outras fontes.

“Não é viável obter gás de outros sítios em vez da Rússia no volume que precisamos e isto acontece com a maioria dos outros países europeus do leste e sul da Europa”, afirmou Scholz, numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, após um encontro entre ambos, em Londres.

Scholz explicou que este “é um grande investimento” e que não se trata apenas de “encontrar outros fornecedores de outras partes do mundo”, mas sim de “fazer chegar o gás” ao país.

“Estamos ativamente a trabalhar para deixarmos de ser dependentes da importação de petróleo e pensamos que seremos capazes ainda este ano“, disse.

Alemanha precisa de construir gasodutos para diminuir dependência do gás da Rússia

Quanto ao gás, o chanceler reconheceu que a questão “não é tão fácil”, porque a Alemanha “precisa de infraestrutura que tem de ser construída primeiro, como gasodutos até às costas do norte da Alemanha”, bem como adaptar portos para receber navios que transportam gás liquefeito.

Boris Johnson insistiu na importância de os países europeus deixarem de usar gás e petróleo russos para que a segurança energética “não possa ser ameaçada por um Estado pária”, mas reconheceu que “não é fácil” para nenhum dos países.

“Eu aplaudo as decisões sísmicas tomadas pelo Governo de Olaf [Scholz] para afastar a Alemanha dos hidrocarbonetos russos”, disse.

Os dois países concordaram em “maximizar o potencial do Mar do Norte” na extração de gás e de petróleo, por forma a reduzir a dependência da Rússia, e em “colaborar na segurança energética e nas energias renováveis”, acrescentou.

Não podemos transformar os nossos respetivos sistemas de energia da noite para o dia, mas também sabemos que a guerra de Putin não terminará da noite para o dia”, disse Johnson.

O Governo britânico prometeu acabar com a dependência de carvão e petróleo russos até ao final de 2022 e de gás “o mais rápido possível”, embora o volume de gás que importa da Rússia seja mais reduzido.

A União Europeia (UE) tem hesitado na proibição da importação de petróleo e gás russos, sendo a Alemanha frequentemente identificada como o principal obstáculo devido à elevada dependência da potência europeia dos combustíveis fósseis russos.

O país teme o impacto económico de um embargo total e imediato, tendo a Ucrânia acusado Berlim de alimentar a “máquina de guerra russa”.

Berlim, que compra mais de metade do seu gás e uma parte do carvão e do petróleo à Rússia, prometeu parar de importar petróleo russo este ano e gás até meados de 2024.

A UE confirmou esta sexta-feira um embargo às importações de carvão com efeito a partir de agosto. Todavia, a quantia que os países membros gastam em carvão num ano é igual ao que gastam em petróleo e gás em apenas alguns dias.

A Rússia é o maior fornecedor de combustíveis fósseis da UE. Por si só, representa cerca de 45% das importações de gás e carvão e 25% das importações de petróleo.

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