O ex-chanceler alemão Gerhard Schröder, próximo do Presidente russo e titular de vários cargos em grupos russos, foi privado de uma parte dos seus privilégios como ex-dirigente da Alemanha, incluindo a atribuição de escritório, avançou esta quinta-feira o Parlamento.
“Os grupos parlamentares da coligação [do Governo] tiraram as consequências do comportamento do ex-chanceler e lobista Gerhard Schröder face à invasão russa da Ucrânia”, refere a comissão parlamentar do Orçamento.
O antigo chanceler manterá, no entanto, a proteção policial e uma pensão de reforma como ex-chanceler.
A coligação do Governo na Alemanha – que reúne social-democratas, ecologistas e liberais – já tinha anunciado na quarta-feira que pretendia remover as vantagens atribuídas ao antigo chanceler do país Gerhard Schröder, que trabalha atualmente para empresas de energia controladas pelo Estado russo.
A coligação também justificou a decisão com o facto de “o ex-chanceler Schröder já não assumir nenhuma obrigação contínua relacionada com o seu cargo”.
A comissão de Orçamento pediu ainda ao Governo que assegure a atribuição dos “subsídios por função com base nas obrigações que mantiverem os antigos chanceleres federais, e não com base apenas no seu estatuto”.
Assim, Schröder pode não ser o único visado nesta redução dos privilégios, que poderá incluir também Angela Merkel, no poder entre 2005 e 2021. No entanto, a medida foi pedida especificamente pela situação de Schröder, que se tornou uma figura incómoda na Alemanha, inclusive para o atual chanceler social-democrata, Olaf Scholz.
O ex-chanceler é Presidente do Conselho de Supervisão da empresa estatal russa de energia Rosneft e esteve envolvido nos projetos de gasodutos Nord Stream e Nord Stream 2.
No início deste ano, a sua equipa demitiu-se e Gerhard Schroeder enfrentou uma onda de indignação de ex-aliados políticos quando o jornal norte-americano The New York Times o citou dizendo que o massacre de civis na cidade ucraniana de Bucha “tinha de ser investigado”, mas que ele não acreditava que as ordens tivessem partido do Presidente russo, seu amigo de longa data.
O ex-chanceler já estava sob pressão desde a invasão russa da Ucrânia, dado que, ao contrário da maioria dos ex-líderes europeus com funções em empresas russas, Schröder não renunciou aos cargos e tem sido, desde então, destituído de honras por várias cidades e alvo de pedidos para a sua expulsão do partido.
Ainda assim, o antigo líder garantiu, em abril, que não tinha intenção de renunciar aos cargos a menos que Moscovo interrompesse as entregas de gás à Alemanha.
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