A China pediu esta quarta-feira que os seus “interesses legítimos” sejam respeitados e reiterou que se opõe “firmemente” a qualquer tipo de “sanções unilaterais” contra a Rússia, país com o qual vai manter intercâmbios económicos.
“Pequim e Moscovo, com base no respeito mútuo e na igualdade, mantêm a cooperação comercial normal”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, em conferência de imprensa.
“Pedimos às partes relevantes que não prejudiquem os interesses legítimos da China, enquanto lidamos com a situação na Ucrânia, e as nossas relações com a Rússia”, defendeu o porta-voz.
CHINA VAI CONTINUAR A SER PARCEIRO ECONÓMICO DA RÚSSIA
O presidente da Comissão Reguladora de Bancos e Seguros (CBIRC) e o “número dois” do Banco Central chinês, Guo Shuqing, acrescentou esta quarta-feira que a China não vai participar nas sanções e que vai continuar as trocas a “nível económico, financeiro e comercial”, com “todas as partes” envolvidas, noticiou a imprensa local.
Wang acrescentou que a China vai continuar a desempenhar um papel “construtivo” ao pressionar por uma resolução do conflito na Ucrânia, após a invasão russa, um termo que as autoridades chinesas evitam usar.
O porta-voz também disse que o Ministério e a Embaixada da China na Ucrânia estão a tomar “várias medidas”, para ajudarem os seus cidadãos a saírem do território ucraniano.
KIEV ESPERA QUE “MEDIAÇÃO DA CHINA” PERMITA CESSAR-FOGO
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dymtro Kuleba, assegurou, na terça-feira, ao seu homólogo chinês, Wang Yi, que o seu país está disposto a continuar as negociações com a Rússia, e que espera que a “mediação da China” permita um cessar-fogo.
A China tem mantido uma posição ambígua em relação ao conflito na Ucrânia. Defende o “respeito pela integridade territorial de todos os países”, mas diz compreender as “legítimas exigências de segurança” da Rússia”.
O país asiático absteve-se, na sexta-feira passada, na votação de uma resolução a condenar a Rússia nas Nações Unidas.
A 4 de fevereiro, os Presidentes russo e chinês, Vladimir Putin e Xi Jinping, respetivamente, proclamaram, após reunirem em Pequim, a entrada das relações bilaterais numa “nova era”, e destacaram o bom estado das relações entre a Rússia e a China.
Segundo Pequim, a sua relação com Moscovo é a de uma “parceria estratégica”, mas isso não inclui “nem aliança, nem confronto” nem tem como alvo “terceiros países”.
DESENVOLVIMENTO DA CHINA CONSTITUI “BOA OPORTUNIDADE PARA UE”
O ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, afirmou esta quarta-feira que o desenvolvimento da China constitui uma “boa oportunidade” para a União Europeia (UE), e não um “desafio ou uma ameaça”, segundo a imprensa estatal.
Wang, citado pelo jornal oficial Global Times, disse que, embora existam diferenças na relação bilateral, a cooperação entre a China e a UE é “mais relevante do que a concorrência”.
O ministro espera que a cooperação seja ampliada em várias áreas, incluindo a ratificação e entrada em vigor do Acordo de Investimento, assinado em dezembro de 2020, mas que não foi ratificado pelo Parlamento Europeu, devido a sanções retaliatórias impostas por Pequim contra instituições e parlamentares europeus.
O investigador da Academia Chinesa de Comércio Internacional e Cooperação Económica Yan Shiqiang, citando também pelo Global Times, considerou que a cimeira é “uma importante oportunidade para quebrar o gelo”, relativamente ao Acordo de Investimento, e que servirá para reduzir as tensões entre ambas as partes.
CHINA PRINCIPAL PARCEIRO COMERCIAL DA UE
A China é o principal parceiro comercial da UE, que por sua vez é o segundo maior parceiro comercial do país asiático. O comércio atingiu um valor recorde de 800.000 milhões de dólares, em 2021.
A cimeira de abril vai ficar marcada por uma nova disputa sobre o bloqueio chinês às importações oriundas da Lituânia, que motivou uma queixa da UE à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Bruxelas considera que Pequim está a aplicar medidas coercivas, que também afetam outros países do bloco, que exportam produtos que incluem componentes fabricados na Lituânia.
A disputa começou como resultado da decisão da Lituânia de permitir a abertura no país de um escritório de representação de Taiwan, território sobre o qual a China reivindica soberania.
Pequim rejeita o uso do nome Taiwan nestes escritórios e exige que seja antes usada a designação “Taipé – China”.
Nas últimas semanas, as alfândegas chinesas suspenderam os pedidos de importação de produtos oriundos do país báltico, incluindo carne bovina e madeira.
Com LUSA
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