Cinco pontos para percebermos o que está a acontecer no Leste da Europa – e o que pode mudar na vida de todos nós.
1 – RÚSSIA ANUNCIA CONTROLO DE MARIUPOL, MAS AZOVSTAL RESISTE
A Rússia diz que já controla toda a cidade de Mariupol, à exceção da fábrica Azovstal, onde estão milhares de pessoas, entre militares e civis. No entanto, Putin terá dado ordens para que a metalúrgica seja apenas cercada e não invadida. O objetivo é continuar a exigir uma rendição. O Presidente russo cancelou a ordem de assalto ao complexo industrial Azovstal, mas mantém o bloqueio à zona.
O chefe da delegação de negociadores ucranianos, David Arakhamia, anunciou que está pronto, juntamente com o assessor presidencial e negociador Mykhailo Podoliak, para viajar até Mariupol e iniciar rapidamente as negociações com a Rússia.
David Arakhamia garantiu que a delegação ucraniana mantém contacto constante com os militares ucranianos que resistem em Mariupol. “Mykhailo Podoliak e eu estamos prontos para ir a Mariupol para conversar com o lado russo sobre a retirada das nossas tropas militares e de civis”, escreve o negociador ucraniano.
David Arakhamia sublinhou que os representantes da delegação ucraniana mantêm contacto constante com os militares ucranianos que resistem na cidade portuária de Mariupol, praticamente destruída por ataques desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.
“Hoje, em conversa com os defensores da cidade, foi proposta a realização de uma ronda de negociações no local para a retirada das nossas tropas militares”, disse.
“Da nossa parte, estamos prontos para iniciar tais negociações a qualquer momento, assim que recebermos a confirmação da Rússia”, reiterou.
Ontem, as autoridades russas disseram que nem os soldados que estão na fábrica de metalurgia Azovstal e nem os civis abrigados com estes militares usaram o corredor humanitário que abriram para deixarem a cidade de Mariupol durante o dia.
“Somos forçados a dizer que a operação humanitária declarada pelas autoridades de Kiev foi cinicamente interrompida, ninguém usou o corredor indicado”, disse o chefe do Centro de Controlo de Defesa Nacional, coronel general Mikhail Mizintsev.
2 – RUSSOS TERÃO PERTO DE 80% DE LUGANSK
O governador de Lugansk, Serhiy Haidai, reconheceu que as forças russas controlam agora perto de 80% do território, uma das duas regiões que integram o Donbass, no leste da Ucrânia, sob controlo de separatistas apoiados por Moscovo.
A 24 de fevereiro, quando do início da guerra, o governo de Kiev controlava 60% da região de Lugansk. Serhiy Haidai disse que os russos estão agora a ameaçar as cidades de Rubizhne e Popasna e exortou todos os residentes a abandonarem a zona imediatamente.
Donetsk, que também faz parte da região de Donbass, é outro dos territórios que tem sido alvo da ofensiva russa.
3 – CHARLES MICHEL REFORÇOU APOIO EUROPEU À UCRÂNIA
Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, instância que representa os Estados membros da União Europeia, esteve ontem em Kiev, numa altura em que a Rússia lança uma nova ofensiva no leste do país. “Em Kiev, no coração da Europa livre e democrática”, escreveu Charles Michel na mensagem que acompanhou uma fotografia captada numa gare ferroviária da capital ucraniana.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, chega hoje a Kiev, acompanhado da primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, sendo que ambos irão encontrar-se com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
4 – BORODIANKA, O NOVO PALCO DO HORROR RUSSO
Kiev acusa Moscovo de ter perpetrado massacre de civis em Borodianka durante o mês de março, quando as forças russas ocuparam a cidade. Os corpos de nove civis foram encontrados ontem naquela cidade próxima da capital ucraniana, alguns mostrando “sinais de tortura”.
“Estas pessoas foram mortas pelos ocupantes e algumas das vítimas mostram sinais de tortura”, acusou o chefe da polícia local, Andrey Nebytov, numa publicação na rede social Facebook.
5 – JOHNSON E A “MÁ FÉ DE PUTIN”
Boris Johnson questiona a possibilidade de negociação de paz na Ucrânia. Durante a viagem de avião para a Índia, onde buscará aprofundar laços comerciais com Nova Deli, o primeiro-ministro britânico mostrou-se muito crítico em relação ao comportamento revelado até agora por Vladimir Putin e admitiu muitas dúvidas e reservas quanto a um possível caminho pela paz.
Johnson comparou as conversas que Zelensky possa vir a ter com Putin a um “crocodilo”: “Parece-me quase impossível que o governo da Ucrânia possa confiar em seja o que for que os russos possam dizer. Acho muito difícil ver como os ucranianos podem negociar com Putin agora, dada sua manifesta falta de boa-fé e a sua estratégia, que é evidente, que é tentar engolir e capturar o máximo da Ucrânia. Como ele pode e então talvez ter algum tipo de negociação a partir de uma posição de força, ou até mesmo lançar outro ataque a Kiev”.
Johnson vai encontrar-se com o seu homólogo indiano, Narendra Modi. A Índia tem tido um papel dúbio na gestão deste conflito: é um aliado dos EUA na travagem da ascensão da China na frente do Indo-Pacífico, mas tem relações comerciais muito profundas com a Rússia, das quais não pretende abdicar.