Cinco pontos para percebermos o que está a acontecer no Leste da Europa – e o que pode mudar na vida de todos nós.
1 – ZELENSKY PRONTO A ACEITAR A “NEUTRALIDADE”
Zelensky disse que está pronto a aceitar um estatuto de neutralidade como parte de um acordo de paz com a Rússia, mas qualquer acordo terá que ser apresentado ao povo ucraniano num referendo – e obviamente depois de um cessar-fogo total. A nova ronda de negociações entre as delegações de Rússia e Ucrânia será realizada em Istambul amanhã, terça-feira, segundo a presidência turca. As forças russas continuaram os ataques com mísseis em toda a Ucrânia na noite de domingo, incluindo as cidades de Lutsk, Kharkiv, Zhytomyr e Rivne, disse um assessor do presidente Zelensky.
Entretanto, a Ucrânia entregará o “Prémio da Paz” a empresas que deixaram a Rússia. As empresas que saíram “merecem o respeito dos ucranianos e das pessoas de todo o mundo. Afinal, a indiferença e silêncio são cumplicidade”, comentou Andriy Yermak, chefe do Gabinete do Presidente da Ucrânia.
2 – BUSCA PELA “PAZ SEM DEMORA”
No seu discurso diário, libertado nas últimas horas, Volodymyr Zelensky, o presidente ucraniano, prometeu trabalhar esta semana por novas sanções contra a Rússia e falou sobre uma nova ronda de negociações iminente: “Buscamos a paz. Mesmo. Sem demora. Conforme me informaram, existe a oportunidade e a necessidade de um encontro presencial já na Turquia. Isso não é mau. Vejamos o resultado. As nossas prioridades nas negociações são conhecidas. A soberania e a integridade territorial da Ucrânia estão fora de dúvida. Garantias de segurança efetivas para o nosso estado são obrigatórias. O nosso objetivo é óbvio — a paz e a restauração da vida normal na nossa terra o mais rápido possível”.
O presidente ucraniano prometeu continuar a pedir ajuda aos parlamentos de outros países. Zelensky escala na pressão: insinua que ocidente continua com medo de Moscovo e exige maior envolvimento na defesa dos Ucranianos. “Iremos reconstruir a Ucrânia depois da guerra”. Zelensky afirma que só há uma escolha: travar a Rússia e salvar a Ucrânia. Para isso, pede ao Ocidente que arme a Ucrânia com material militar, “armas, tanques, para travar o mal”. O Presidente ucraniano exige ainda mais sanções contra a Rússia, nomeadamente no setor energético – gás e petróleo – e apela a um cessar-fogo e à retirada total das tropas russas de território ucraniano
3 – O RISCO NÃO NEGLIGENCIÁVEL DE CHERNOBYL
A ocupação russa da central nuclear de Chernobyl pode levar ao risco de fuga de radiação em toda a Europa. A vice-primeira-ministra da Ucrânia acusou a Rússia de atos “irresponsáveis” em Chernobyl. Iryna Vereshchuk postou uma atualização na sua conta do Telegram e disse que as forças russas continuam a militarizar a zona de exclusão de Chernobyl.
Isso representa um risco muito sério de danificar as estruturas de isolamento na quarta unidade da estação após sua explosão em 1986. Tais danos inevitavelmente levarão à entrada na atmosfera de uma quantidade significativa de poeira radioativa e contaminarão não apenas a Ucrânia, mas também outros países europeus.
4 – “A NATO NÃO DEFENDE MUDANÇA DE REGIME NA RÚSSIA”
Olaf Scholz, o chanceler alemão, negou no domingo que a NATO tenha como objetivo a mudança de regime na Rússia, numa entrevista à emissora alemã ARD.“Esse não é o objetivo da NATO, e certamente também não é o objetivo do Presidente dos EUA”, disse Olaf Scholz.
Scholz reagiu às declarações de Joe Biden, quando afirmou que o Presidente russo, Vladimir Putin, “não pode permanecer no poder”, o que foi interpretado como uma mudança drástica na política externa dos EUA. Scholz disse ter discutido a questão com Biden na Casa Branca quando o líder dos EUA tomou posse.“Ambos concordamos plenamente que a mudança de regime não é nem um objetivo nem uma meta da política que prosseguimos juntos”, disse o chanceler alemão. Na sua opinião, “é um assunto para os próprios povos e nações” lutar pela sua liberdade. Scholz salientou que “a utilização de armas biológicas ou químicas não deve ter lugar” e advertiu Putin com “as consequências mais severas”.
5 – A GUERRA DOS TRÊS ‘I’
Esta é a guerra dos três ‘i’: ilegal, imoral e indecente.
Ilegal, porque a agressão russa na Ucrânia está a ser feita à margem da legalidade internacional e sem qualquer tipo de enquadramento minimamente aceitável.
Imoral, porque implica que uma potência mundial, a Rússia, se sentiu no direito de invadir um vizinho mais pequeno e menos forte, apenas porque achou que podia.
Indecente, porque, como bem notou o Presidente dos EUA, Joe Biden, na sua visita à Polónia, a guerra de Putin atinge “o mais profundo do sentimento humano”. Se fecharmos os olhos ao sofrimento do povo ucraniano, mais tarde podemos ser nós as vítimas da barbárie russa.