Guerra Rússia-Ucrânia

Crimes de guerra parecem não constituir tabu para forças russas, considera Gomes Cravinho

Ministro dos Negócios Estrangeiros diz que as atrocidades cometidas em Bucha provam que Moscovo não está disposto a negociar.

Crimes de guerra parecem não constituir tabu para forças russas, considera Gomes Cravinho

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, disse esta quinta-feira que o mundo deve estar preparado para mais revelações de atrocidades na guerra na Ucrânia, observando que “crimes de guerra parecem não ser algo tabu para as forças russas”.

Gomes Cravinho sublinhou igualmente que todos devem estar preparados para uma guerra mais prolongada do que se antecipava há algumas semanas, também devido às atrocidades cometidas pelo exército russo, que criam “ainda mais dificuldades no caminho para a paz”.

“Tivemos uma reunião muito interessante com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, que nos transmitiu a realidade no terreno, que, infelizmente, não é muito positiva. Não temos boas notícias a vir da Ucrânia, nomeadamente sobre a postura russa, e devemos estar a esse respeito preparados para mais terríveis notícias como tivemos em Bucha”, disse.

Gomes Cravinho observou que “há, nomeadamente, fortes indícios de que vamos ter mais revelações de atrocidades, de violações, de crimes de guerra”, comentando que “naturalmente isso cria ainda mais dificuldades no caminho para a paz”.

“A nossa convicção é que todos esses indícios devem ser conhecidos, devem ser investigados e devem ser castigados”, afirmou.

Questionado sobre se as atrocidades que começam a ser reveladas impossibilitam uma solução diplomática para o conflito, o ministro dos Negócios Estrangeiros português respondeu que “não é impossível” um acordo negociado, sendo, aliás, essa a única forma de pôr cobro a esta guerra.

“Esta guerra acabará com negociação, a questão é quando. Tem de haver sempre disponibilidade para uma solução diplomática. O que nós vemos da parte da Rússia é que essa disponibilidade não existe”, disse, observando que, “pelo contrário”, aquilo que existe é “uma grande indiferença em relação às leis da guerra”.

“O que nós vimos em Bucha e os indícios que começam a surgir de outras partes da Ucrânia é que da parte da liderança russa não há indicação de que as suas forças armadas devam seguir as regras da guerra. Ou seja, crimes de guerra parecem não ser algo tabu para as forças russas, e claro que isto é profundamente preocupante, também em termos de encontrar uma solução”, declarou.

Com LUSA

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