A intervenção de Zelensky na Cimeira da NATO é o ponto de partida para a análise de Nuno Rogeiro e José Milhazes. Além disso, os dois comentadores falam ainda da criação de um tribunal internacional para julgar os militares ucranianos no Donetsk entre outros avanços no conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
Nuno Rogeiro lembra que o pedido feito pelo Presidente da Ucrânia no âmbito da Cimeira da NATO foi semelhante ao feito na reunião da força expedicionária da NATO: “Ele na altura disse uma coisa que disse hoje: nós não queremos soldados, não queremos unidades, precisamos é de armas para nos defendermos. Na altura foi compreendido, mas houve um passo muito muito lento, demorou muito tempo.”
O comentador critica ainda as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, sobre o conflito: “O senhor Lavrov ontem [terça-feira] disse se vocês fornecerem mais armas é pior, porque vai demorar mais tempo. Vou usar todas as palavras: ele porta-se como o violador que perante a violada ‘não resistas, porque se resistires vai doer mais’. Isso é uma coisa que é perfeitamente tenebrosa e escabrosa por um diplomata que até era bem considerado nos chamados meios ocidentais.”
Por outro lado, José Milhazes foca-se na intenção da Rússia de criar uma tribunal internacional para julgar os militares ucranianos detidos na região de Donetsk – incluindo o batalhão de Azov. “Tendo em conta que a maioria que está do ocidente não vai querer colaborar com este tribunal internacional – que vai ser uma palhaçada –, então eles vão andar à procura daqueles que apoiam a política russa”, diz Milhazes, afirmando que o objetivo é incluir juristas e advogados da União Europeia para “dar aquela figura de imparcialidade”.
Milhazes considera que os russos “não vão ter dificuldade em encontrar” esses juristas europeus, porque “alguns deles até aparecem nas televisões portuguesas a comentar”. Rogeiro alerta para os riscos que este profissionais correm se aceitarem participar no projeto russo. “O juristas que acederem fazer parte desta espécie de fantochada vão também ter problemas na sua vida profissional.”
Rogeiro destaca ainda o tipo de armamento que foi utilizado no ataque ao centro comercial de Kremenchuk: “Este míssil já tinha sido possuído pela Ucrânia e o avião também. Faziam parte do arsenal militar da Ucrânia e a Ucrânia teve de se desembaraçar disto tudo sob fiscalização internacional dos EUA e da Rússia em 1994. É preciso não nos esquecermos disto: a Ucrânia podia ter tido estas armas e abdicou destas armas que estão agora a ser usadas contra a própria Ucrânia.”
Conflito Rússia-Ucrânia
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