O blogger ucraniano pró-Rússia, Anatoly Shariy, foi detido em Espanha. Segundo o jornal ucraniano Kyiv Independent, Anatoly Shariy foi detido sob acusação de “traição à pátria”. Shariy, fundador de um partido na Ucrânia, vive no exílio desde 2012. Em fevereiro, foi mesmo impedido de regressar à Ucrânia.
As autoridades ucranianas alegam que o político pró-russo divulga informação falsa prejudicial à segurança nacional da Ucrânia. Kiev acusa Shariy de ser pago pelo Kremlin para divulgar essa informação. O Presidente russo, Vladmir Putin, terá, assim, perdido um aliado na invasão da Ucrânia.
Desde o início da guerra na Ucrânia, a 24 de fevereiro, que Anatoly Shariy é um alvo importante para o Presidente ucraniano, Volodomyr Zelensky, e para os Serviços de Segurança da Ucrânia.
A detenção foi anunciada em Kiev pelo Serviço de Segurança Ucraniano (SBU) num comunicado citado pelas agências ucraniana Ukrinform e russa TASS.
A detenção “foi possível graças à estreita cooperação do Serviço de Segurança da Ucrânia com o Ministério Público e parceiros internacionais e como resultado de uma operação especial a vários níveis de agentes da lei ucranianos”, lê-se no comunicado.
Segundo os investigadores do SBU, Shariy é suspeito de atividades ilegais contra a segurança nacional da Ucrânia no domínio da informação, “havendo razões para crer” que agiu “em nome das estruturas estrangeiras”.
O partido com o seu nome foi suspenso após a invasão da Ucrânia pela Rússia, alegadamente por ser pró-Moscovo.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou, a 20 de março, a suspensão da atividade de 11 partidos políticos com ligações à Rússia durante a vigência da lei marcial no país.
Além do partido de Shariy, a lista inclui a Plataforma da Oposição — Pela Vida, que tem 44 dos 450 deputados no parlamento ucraniano.
Numa declaração citada na altura pela TASS, Sharyi disse que Zelensky pretendia “eliminar duas forças políticas”, o seu partido e a Plataforma da Oposição — Pela Vida, e que os restantes tinham sido acrescentados à lista “para a tornar sólida”.
Sharyi tem contestado em tribunal as acusações de ser pró-Moscovo.
O político, de 43 anos, tem um canal na rede social YouTube, com cerca de 2,5 milhões de subscritores, em que denuncia casos de alegada corrupção na Ucrânia.
As autoridades de Kiev anunciaram que pretendem pedir a extradição de Shariy a Espanha para que seja julgado na Ucrânia, segundo a agência Ukrinform.
“O procedimento de extradição para a Ucrânia será iniciado agora e ele comparecerá perante um tribunal ucraniano”, disse o deputado Fedor Venislavsky, representante presidencial no Tribunal Constitucional e membro do comité para a Segurança Nacional, Defesa e Inteligência no parlamento.
O suspeito foi alegadamente convocado para uma investigação na Ucrânia em 22 de fevereiro, dois dias antes da invasão russa, mas não apareceu.
Numa entrevista à EFE em Barcelona em julho de 2021, disse que tinha sido detetado em Espanha por “grupos neonazis” nesse ano, e que temia vir a ser extraditado para a Ucrânia.
Shariy tem o estatuto de refugiado político na Lituânia, o que lhe permitiu circular pelo território da União Europeia, segundo a agência espanhola.
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