Sem nunca usar as palavras Guerra, nem Ucrânia, Vladimir Putin acusou o Ocidente de ser responsável pelo conflito que há mais de dois meses envolve a Rússia e a Ucrânia.
Disse que a NATO estava a preparar-se para invadir territórios históricos da Rússia e disse também que Kiev adquiriu armas nucleares. Um discurso feito em Moscovo nas comemorações do Dia da Vitória.
A Praça Vermelha foi o palco da habitual parada militar de comemoração da Vitória soviética na II Guerra Mundial.
Mas em plena guerra, a data que há 77 anos juntou aliados e soviéticos contra a Alemanha nazi, serviu para aprofundar ainda mais as divisões com o Ocidente – que Putin acusa de preparar a invasão do que chamou territórios históricos da Rússia, como a Crimeia, anexada por Moscovo em 2014.
Não houve declaração formal de guerra, nem mobilização geral da população nem tão-pouco de vitória em Mariupol como chegou a ser especulado, mas referências constantes aos inimigos da Rússia, num paralelismo entre a Exército Vermelho e as forças russas em combate no Donbass.
Houve um minuto de silêncio pelas tropas caídas em combate e, apesar do impressionante grito de guerra dos 11 mil militares presentes no desfile, estima-se que o número foi cerca de um terço inferior a anos anteriores.
Ao contrário do habitual, não houve participações internacionais nem exibição aérea, onde se chegou a antever o desenho da letra “Z”, símbolo de apoio às forças russas na guerra da Ucrânia, nos céus de Moscovo.
Houve sim, o tradicional desfile, pelas ruas de Moscovo, dos familiares dos militares tombados na II Guerra Mundial.
Pouco depois caiu uma chuvada sobre os milhares de manifestantes em Moscovo, mas não foi único contratempo a atingir o Dia da vitória na Rússia.
No guia da programação da televisão russa por satélite, a transmissão televisiva do desfile foi alterada para mensagens de apoio à Ucrânia.
“A televisão e as autoridades estão a mentir”, apareceu escrito na descrição do programa da televisão num ataque informático prontamente neutralizado.
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