Guerra Rússia-Ucrânia

Dia da Vitória na Rússia: “Qualquer declaração de guerra será apenas para consumo interno”

Análise de José Milhazes e Nuno Rogeiro ao conflito na Ucrânia.

Dia da Vitória na Rússia: “Qualquer declaração de guerra será apenas para consumo interno”

A poucos dias de celebrar o Dia da Vitória, permanece a incógnita sobre a importância que esta data terá no conflito com a Ucrânia. Há quem pense que Putin irá declarar guerra oficialmente ou até alargar a ofensiva contra a NATO. José Milhazes e Nuno Rogeiro fazem a análise aos desenvolvimentos da guerra.

“Em Moscovo corre muito o receio de que Putin possa declarar guerra ou afirmar que a Rússia está a ser agredida, não só pela Ucrânia, mas também pela NATO. E poderá avançar para uma mobilização geral, embora a mobilização geral possa trazer problemas a Putin dentro do próprio país”, começa por dizer Milhazes.

O comentador mostrou-se preocupado com o aparecimento de “conversas de que pode haver guerras nucleares controladas, locais, que pode haver sobreviventes. “Isso é que me faz ter mais receio porque a Rússia continua na Ucrânia com grandes problemas, não consegue resolver nem sequer o programa mínimo.”

Para Rogeiro, “qualquer declaração de guerra será apenas para consumo interno”, uma vez que a comunidade internacional já identificou a invasão russa como sendo uma guerra. “O que há é uma agressão e isso já foi declarado por várias entidades, incluindo a Assembleia Geral das Nações Unidas e o Conselho de Segurança das Nações Unidas, apesar do veto russo”, prossegue.

“O que e que se vai anunciar no dia 9? Vai-se anunciar que a operação teve sucesso? É que não teve. Porque o chamado Donbass, os oblasts de Donetsk e Lugansk não foram ainda conquistados. Praticamente não houve progressão em Lugansk, em Donetsk houve, mas não está todo ocupado.

Dessovietizar a Ucrânia a desinformação russa

Milhazes destaca ainda a decisão de Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia, de “dessovietizar a legislação russa, ou seja, tudo o que ficou do tempo da União Soviética”. Para o comentador, esta decisão é “importante do ponto de vista moral e histórico”, mas que trará muito trabalho.

Também um documento emitido pela Procuradoria-Geral da Rússia, divulgado pelo pai de um jovem recruta do navio Moskva – que afundou depois de ter sido atingido por um míssil ucraniano – foi mostrado por Milhazes no espaço de análise. No texto pode ler-se, traduz o comentador, que “no navio não havia recrutas e que o Moskva não participou na operação militar”.

“Os pais nem sequer vão receber indemnização porque foi dito que o jovem está desaparecido do seu local de serviço. Isto até pode ser interpretado como o rapaz desertou”, afirma.

Nuno Rogeiro dá destaque a uma mensagem partilhada pelo presidente da Câmara Baixa do Parlamento Russo, partilhada através do Telegram, onde é afirmado, cita, que “todos os Chefes de Estado e chefes de Governo que forneceram armas à Ucrânia – incluindo o primeiro-ministro português – serão julgados pela Rússia como criminosos de guerra”.

Afiram ainda que está a ser divulgada informação falsa sobre a suposta captura do general canadiano Trevor Cadier, que estaria em Azovstal, onde “presidia a um gabinete ultrassecreto de experiências biológicas”.

“Este homem já não é um general canadiano. Está na Ucrânia, mas chegou à Ucrânia um mês depois de Azovstal ter sido sitiado. Não se vê bem como poderia ter entrado em Azovstal para chefiar um gabinete de pesquisas biológicas”, comenta Rogeiro.

CONFLITO RÚSSIA-UCRÂNIA

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