Com a ameaça russa sobre Odessa, é esperado um aumento do número de refugiados que chegam às fronteiras da Hungria, mas, para já, este corredor de fuga à guerra na Ucrânia parece ter abrandado.
Lyudmila aguenta-se ao frio. Ela, que mal teve tempo para se refazer do susto de ver o quintal bombardeado e que resistiu a três dias de viagem até aqui, enfrenta estoicamente os dois graus negativos da noite húngara à espera da família separada.
Irmã e sobrinha estão, como tantos outros, na fila para o registo de autorização de permanência temporária. É o procedimento exigido pela Hungria a quem chega sem passaporte ucraniano, ou sem visto, se for de outra nacionalidade – aqui, não chega dizer que se foge da guerra.
O comboio noturno vem sobrelotado, coisa menos frequente nos últimos dias, em que o fluxo de refugiados parece ter abrandado.
Desembarcam histórias de fuga aos combates acesos em Kharkiv e em Kiev, e desembarcam também crianças sedentas por futuro.
Entre os que esperam por seguir viagem, estão os 27 futebolistas da equipa júnior do Shaktar Donetsk. Treinavam nos últimos anos em Kiev para fugir à guerra na região de Donbass, mas agora foram obrigados a fugir outra vez.
O emblema de Donetsk ruma agora para a Croácia, na esperança de um dia voltar a casa. Não há ninguém, entre os milhares que aqui passam, que se faça ao caminho com outro ânimo.