A dificuldade do PCP em classificar a guerra entre a Rússia e a Ucrânia como uma invasão não passou despercebida em Kiev.
Em entrevista à SIC, o vice-chefe do gabinete de Volodymyr Zelensky, Ihor Zhovkva, diz aos militantes do Partido Comunista Português que “não deviam ter medo das palavras”.
“Não é uma invasão, não é uma pequena incursão, não é uma operação militar especial. É uma guerra aberta real que eles começaram no dia 24 de fevereiro. E não só contra a Ucrânia, mas contra todo o continente europeu, contra todos os valores europeus”, disse Ihor Zhovkva.
Recorde-se que o PCP não assistiu ao discurso do presidente ucraniano que interveio por videoconferência no Parlamento português. Em declarações durante uma visita à Ovibeja, o secretário-geral do partido foi perentório: “não há invasão nenhuma. Houve uma operação militar que nós condenamos”, disse Jerónimo de Sousa. Quando os repórteres lhe pediram que clarificasse o que acabara de dizer, Jerónimo reforçou: “as imagens que temos… as imagens que temos é que… há uma guerra, um conflito – isso é incontornável.”
Em entrevista à SIC, este porta-voz do presidente ucraniano enviou uma resposta ao PCP.
“Os soldados ucranianos que estão a lutar contra a agressão por eles e pelas suas famílias mas também pelas famílias no continente europeu. Uma mãe e uma criança que se escondem de mísseis balísticos num abrigo subterrâneo aqui em Kiev estão a pensar num futuro europeu para os seus filhos e não a ficarem presas ao mundo russo onde a Rússia quer que a Ucrânia regresse. Isto não vai acontecer e é importante que os vossos políticos do PCP ou de outros partidos do género percebam.”
O PCP sempre reforçou ser contra a guerra. Numa posição assumida alguns dias mais tarde, o ex-deputado António Filipe assumiu no Expresso da Meia-Noite da SIC Notícias que, afinal, o que se passa na Ucrânia é mesmo uma invasão.
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